O papa Francisco voltou a cobrar nesta quinta-feira (07/10) ações concretas para reverter o aquecimento global, que ameaça a existência de todas as formas de vida.
Durante evento na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, o líder da Igreja Católica afirmou que o “mal que estamos causando não se limita mais aos danos ao clima, às águas e ao solo, mas agora ameaça a própria vida na Terra”.
“Frente a isso, não basta repetir afirmações de princípio que nos façam sentir confortáveis porque, entre tantas coisas, nos interessamos também pelo meio ambiente. A complexidade da crise ecológica, de fato, exige responsabilidade, concretude e competência”, alertou.
A luta contra a crise climática é uma das bandeiras do pontificado de Francisco, que já dedicou até uma encíclica ao tema, a “Louvado seja”, na qual ele defende a criação de um novo modelo de desenvolvimento que garanta a preservação do meio ambiente.
Para o Papa é preciso “preservar a casa comum das ações perversas, talvez inspiradas por uma política, uma economia e uma formação ligadas ao resultado imediato, ao benefício de poucos”.
“Precisamos abandonar definitivamente aquela ideia do ‘sempre foi assim’, isso é suicídio. Percorrer os mesmos caminhos do passado não é crível porque gera superficialidade e respostas válidas apenas na aparência”, acrescentou.
Mudanças climáticas
Um relatório publicado pela Chatham House, instituição britânica de pesquisa sobre o desenvolvimento internacional, revelou que as mudanças climáticas podem se tornar irreversíveis entre 2040 e 2050 caso as emissões de gases de efeito estufa não sejam drasticamente reduzidas nesta década.
As informações foram incluídas em um documento denominado “Avaliação de Riscos das Mudanças Climáticas”, que tem como objetivo embasar decisões a serem tomadas por chefes de governo e ministros antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), que deve ser realizada de 31 de outubro a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.
Caso medidas não sejam tomadas pelos governos, temperaturas extremas podem se tornar reais a partir da década de 2030, levando 10 milhões de pessoas à morte em decorrência das ondas de calor que poderão afetar 70% da população mundial. Secas severas e prolongadas também poderão prejudicar 700 milhões de pessoas anualmente.
O aquecimento global também impedirá que 400 milhões de pessoas trabalhem ao ar livre e reduzirá a produção agrícola em 30%. O nível do mar também deve aumentar em um metro, aumentando em cerca de 40 vezes as chances de ocorrem inundações em Xangai, 200 vezes em Nova York e mil vezes em Calcutá.