Por Patricia Tai (da Redação)
Quando uma lontra fêmea chamada Homer nasceu nas águas frias e limpas ao longo da enseada Prince William, no Alasca, sua vida parecia estar destinada a brincar tanto quanto as incontáveis gerações antes dela. Mas tudo isso mudou em um fatídico dia da primavera de 1989, e as coisas nunca mais seriam as mesmas para ela e para muitos outros animais.
No dia 29 de maio daquele ano, o navio carregado de óleo da empresa Exxon Valdez encalhou em um recife perto da costa, derramando cerca de 10 milhões de galões de óleo no ecossistema aquático circundante e levando a um dos piores desastres ambientais da história. Imediatamente, e nos dias que se seguiram ao derramamento, animais selvagens morreram aos milhares. Cerca de duzentas e cinquenta mil aves marinhas acabaram por perecer no lodo resultante, assim como centenas de águias, focas e outras espécies marinhas.
Inclusas neste número devastador de mortes estavam no mínimo 2800 lontras do mar. Homer, nome que recebeu após ter sido encontrada, estava entre as três dezenas de lontras resgatadas das águas contaminadas, e sobreviveu graças aos esforços incansáveis de conservacionistas e voluntários.
Embora tenham sobrevivido, Homer e as outras lontras nunca mais voltaram para a natureza. Após serem recuperadas, foram enviadas para zoológicos de todo o país, onde passaram o resto de suas vidas confinadas.
Nas décadas que se seguiram, como residentes do Point Defiance Zoo & Aquarium no estado de Washington, Homer e outras lontras foram apresentadas como lembranças vivas tanto da capacidade humanidade para a destruição quanto de seu poder de salvamento, educando os visitantes sobre a importância de se respeitar a natureza e proteger seus habitantes dos agentes destruidores e poluentes.
Aos 25 anos, a idade máxima registrada para a sua espécie, Homer sobreviveu a todas as outras que haviam sido salvas do desastre da Exxon Valdez. No dia 24 de junho de 2013, ela faleceu de causas naturais – um tipo de morte que pouquíssimos de seus parentes tiveram a oportunidade de experimentar. As informações são da Tree Hugger.
“É monumental que ela tenha sido a última sobrevivente do derramamento de óleo de Exxon Valdez”, disse Karen Wolf, veterinária-chefe do Point Defiance Zoo & Aquarium. “Ela era um animal incrível. Seu exemplo ensinou muitas pessoas a respeito de preservação”.
Infelizmente, embora Homer leve com ela a memória dessa experiência de 1989, os efeitos nocivos do vazamento do Exxon Valdez ainda não desapareceram. Acredita-se haver ainda cerca de 23 mil galões de petróleo remanescentes na água e na areia em torno da enseada Prince William, e estima-se que possam durar décadas.