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PERDIDO E SOZINHO

Tristeza: exército da Colômbia desiste de continuar as buscas por Wilson, cão que ajudou a resgatar as crianças na selva

27 de junho de 2023
Vivian Guilhem | Redação ANDA
4 min. de leitura
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A felicidade não pôde ser completa. O Exército da Colômbia reconheceu na segunda-feira (26/06) que é “improvável” encontrar Wilson, o pastor belga que ajudou a localizar Lesly, Soleiny, Cristin Neryman e Tien Noriel, as quatro crianças que ficaram perdidas por 40 dias na selva amazônica de Guaviare. O cachorro, que, segundo relatos das próprias crianças resgatadas, esteve com elas antes de serem encontradas pelo Exército e pelos indígenas que participavam da busca, tem sido rastreado sem sucesso desde 9 de junho passado, quando as crianças foram encontradas.

A resignação do Exército foi transmitida pelo general Pedro Sánchez, comandante das Forças Especiais e líder da busca pelas crianças na selva. Em uma homenagem realizada na segunda-feira (26/06) aos militares e indígenas que participaram da Operação Esperanza, na Plaza de Armas da Casa de Nariño, em Bogotá, Sánchez disse: “Wilson é um membro de nossa equipe. Fizemos absolutamente tudo ao nosso alcance, não economizamos esforços para encontrá-lo, mas somos conscientes de que é praticamente improvável encontrá-lo”.

Na homenagem, que contou com a presença do presidente Gustavo Petro, do ministro da Defesa, Iván Velásquez, e da cúpula militar, Drugia, a mãe de Wilson, foi simbolicamente condecorada. O desaparecimento de Wilson se tornou uma mancha no resgate das crianças na selva. O general Sánchez reconheceu a importância do cachorro para a instituição e lamentou sua perda como a de qualquer membro das forças de segurança: “Wilson será lembrado em nossos corações e na alma deste povo colombiano, assim como faremos com os outros cães e com nossos soldados e policiais que sacrificaram suas vidas”.

Wilson, de seis anos, nasceu e cresceu entre militares, e foi recrutado para ajudar na busca pelas quatro crianças que mantiveram o país em suspense por mais de um mês. Em 8 de junho, um dia antes do sucesso da Operação Esperanza ser conhecido, o Exército informou sobre o desaparecimento do cão. Uma das hipóteses sobre o motivo de sua perda é que ele se desorientou devido às condições hostis da área, onde a densa vegetação impede a visibilidade a mais de 20 metros de distância, além da umidade e das condições climáticas desfavoráveis, que também teriam impedido o funcionamento correto de um localizador via satélite, caso Wilson estivesse usando um.

Desde então, os esforços que antes estavam voltados para encontrar as crianças se concentraram na busca por Wilson. O general Hélder Giraldo, comandante das Forças Militares, deu a ordem para rastrear o cachorro: “Jamais abandonamos um companheiro caído no campo de batalha. A Operação Esperanza continua avançando na busca por nosso cão Wilson, que, seguindo o rastro e em seu desejo de encontrar as crianças, se afastou das tropas e se perdeu”.

Mais de 70 membros do Exército participaram da busca por Wilson. Entre as estratégias adotadas para alcançar o cão estava o recrutamento de duas fêmeas no cio para tentar atrai-lo. Além disso, comida foi colocada em pontos estratégicos considerados para permitir que o animal se mantivesse forte enquanto era localizado. Segundo o relato das crianças, Wilson já estava debilitado quando o encontraram, devido às dificuldades de encontrar alimento no ambiente selvagem da selva de Guaviare e Caquetá.

As crianças continuam se recuperando

O Hospital Militar em Bogotá, onde as crianças estão internadas desde que foram encontradas, informou em 21 de junho que a recuperação delas estava apresentando “resultados positivos”, já que elas recuperaram o apetite, ganharam peso e toleram bem os alimentos fornecidos. Além disso, as infecções que estavam sendo tratadas estavam se resolvendo sem maiores complicações. No entanto, elas ainda estavam isoladas devido ao estado nutricional, que representa um risco para outras infecções.

Texto originalmente publicado em El País

Tradução: Vivian Guilhem

Nota da Redação: A exploração de cães em operações militares envolve condições exaustivas e prejudiciais à saúde física e mental deles, além do alto risco de morte. Os cachorros são expostos a situações perigosas e estressantes e como vimos, no caso do cão Wilson, sem qualquer medida de proteção ao bem estar e à vida. Rendemos aqui nossas homenagens ao maravilhoso cachorro  Wilson e pedimos que o ab(uso) de animais seja abolido pelas forças militares e policiais, que violam diretamente os direitos animais.

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