O Hospital Veterinário da UFPI (Universidade Federal do Piauí) realizou a primeira cirurgia ortopédica em um ganso. O órgão faz uma média de 100 cirurgias por mês. Entre os pacientes estão cães, gatos e outros animais tipicamente domésticos.
O ganso, mais conhecido por Bill, foi levado ao HVU com uma asa quebrada e ganhou a atenção dos médicos. O professor veterinário Marcelo Campos Rodrigues explica que é incomum esse tipo de cirurgia em animais que não sejam domésticos.
A cirurgia realizada no ganso consistia apenas em colocar uma prótese para consertar a fratura da asa, mas devido à localização do osso, foi um procedimento difícil de realizar. Segundo o Dr. Marcelo, a complexidade da fratura se deu por estar próxima da articulação e, além disso, porque os ossos são pneumáticos (ocos e cheios de ar, para facilitar o voo).
“A preocupação era colocar uma prótese que fosse leve e permitisse o voo para não comprometer a articulação e o batimento das asas, pois os ossos são muito leves”, conta. A ideia era alinhar a fratura, contribuindo para a formação do calo ósseo, o que possibilita a articulação.
O ganso, que vive em ambiente rural, deu entrada na emergência do HVU no dia 22/02 (terça) e, após o diagnóstico, constatado através do raio-x da asa, o animal ficou sob efeito de antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos até que a cirurgia fosse realizada no dia 24/02 (quinta). Na ocasião, foi inserido um pino ortopédico intramedular, associado a uma braçadeira de nylon auto-estática, para evitar a fratura longitudinal do osso, ocado e frágil.
Após o procedimento, ainda sob efeito da anestesia, foi colocada uma bandagem, trocada diariamente. Durante o período, o ganso foi solto para que pudesse exercitar o voo e fortalecer a asa. Feito o exame radiológico para verificar se estava tudo bem com a prótese, a bandagem foi finalmente retirada, a medicação suspensa e Bill já está em casa.
O professor Marcelo conta que o grande desafio, para ele, foi realizar a cirurgia corretiva em um animal que não possui muitas especificações técnicas documentadas para este tipo de procedimento. “Não existe na literatura a descrição de técnicas cirúrgicas para gansos. Existem muitas exemplificações detalhadas usando cães, gatos, bovinos, mas não para essa especialidade de animal. A equipe cirúrgica deve ter a sensibilidade de saber onde, como abrir, o que fazer, que instrumentos usar. Levamos em consideração o peso do pino, o tipo de osso, com a finalidade de dar o máximo de estabilidade à ave”, revela.
A operação, feita pelo Dr. Marcelo Campos e auxiliada pelo médico veterinário doutorando Wagner Costa Lima e pela doutoranda Dayanne Silva Dantas Lima (assumindo a função de anestesista).
Fonte: Cidade Verde