A Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA) e o eurodeputado Francisco Guerreiro (Verdes/ALE) irão promover na próxima terça-feira (19) a live “COP26: Grandes e urgentes metas” para discutir metas que devem ser debatidas durante a 26ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), a COP26, que será realizada de 31 de outubro a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia.
Participarão da live a presidente e fundadora da ANDA, Silvana Andrade, o eurodeputado Francisco Guerreiro, do Parlamento Europeu, e o biólogo e doutor em Bioética – Ética Aplicada à Saúde Coletiva, Frank Alarcón. O debate será mediado pela jornalista Patrícia Matos.
O bate-papo ao vivo será transmitido através do Facebook da ANDA e do eurodeputado, além do canal no YouTube da Agência de Notícias. A transmissão será realizada às 15h de Brasília, às 19h de Lisboa, capital de Portugal, e às 20h de Bruxelas, capital da Bélgica.
Em entrevista à ANDA, o biólogo Frank Alarcón mencionou que a emergência climática já está instalada no globo “mesmo após mais de 30 advertências da comunidade científica que estuda o clima”. “Nesse sentido, a COP26 tem sua importância redobrada dada a negligência histórica de governos e empresariado ao longo dos últimos anos”, asseverou o especialista.
A live faz parte da série de debates promovidos mensalmente pelo eurodeputado Francisco Guerreiro e pela presidente da ANDA, Silvana Andrade. Cientes da importância da conscientização como ferramenta transformadora da realidade, Francisco e Silvana apostam na construção do diálogo para fomentar o debate acerca da preservação ambiental. Por essa razão, firmaram o compromisso de promover uma série de encontros onlines com nomes conceituados no Brasil e no mundo. Para unir diversos países e atingir o público de maneira abrangente, foi feita a escolha de transmitir os debates pelas redes sociais, por meio das quais a transmissão poderá chegar a toda a sociedade sem qualquer distinção.
Principais pontos da COP26 para combater a crise climática
Líderes de 196 países, ministros de meio ambiente, cientistas, ativistas e outras personalidades irão discutir na Conferência das Nações Unidas maneiras de frear os impactos negativos da ação humana no planeta em um momento crucial para o meio ambiente.
A prioridade da COP26 é fazer com que os países se comprometam a zerar as emissões de carbono até a metade deste século, com cortes mais agressivos a partir de 2030. Para isso, é previsto um plano de US$ 100 bilhões de financiamento climático por ano, já que nações mais pobres estão sendo as primeiras a sentir os impactos mais duros das mudanças climáticas.
Dentre as metas pré-estabelecidas, estão: neutralizar o balanço entre as emissões e remoções de carbono da atmosfera (net-zero) até meados deste século; adaptar-se para proteger comunidades e habitats naturais; mobilizar recursos financeiros; e trabalhar em conjunto. Para entender cada uma das metas, confira reportagem da ANDA sobre o tema (clique aqui para ler).
Brasil levará dados distorcidos à COP26
Dados distorcidos pelo governo federal durante a administração ambiental de Ricardo Salles serão levados à COP26, conforme indiciou o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, em sua coluna na Carta Capital.
Ex-ministro do Meio Ambiente, Salles modificou em 2020 a proposta para a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDCs) de gases efeito estufa (GEE), baseando-se no Segundo Inventário Nacional de 2005, quando já havia atualizações sobre o tema no Terceiro Inventário Nacional de emissões de 2020. Com isso, levou em conta um valor desatualizado de emissões nacionais, de 2,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO²), e ignorou o valor real de 2,8 bilhões.
“Assim, o compromisso e os valores firmados junto à comunidade internacional de reduzir 37% das emissões até 2025 e 43% até 2030 foram distorcidos. Na prática, o governo praticou uma pedalada climática, alterando o resultado percentual e jogando debaixo do tapete 400 milhões de toneladas de CO², segundo cálculo de várias instituições científicas respeitadas, como a UFMG”, explicou o colunista.
Conforme mencionado por Bocuhy, um levantamento de responsabilidade da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) concluiu que “a pedalada climática idealizada por Ricardo Salles em 2020 permitirá ao Brasil chegar em 2025 emitindo 1,7 bilhão de toneladas de GEE, o que equivale a um desmatamento de 13,4 mil km² por ano”.
Pandemia ameaça combate à crise climática
Presidente da COP-21 em Paris, a ex-ministra do Ambiente da França, Ségolène Royal, que atua como negociadora internacional de políticas ambientais, alertou para as ameaças que a pandemia impõe às metas mais ambiciosas de combate às mudanças climáticas. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Royal afirmou que a pandemia mundial de coronavírus pode interferir no comprometimento dos líderes globais no combate à crise do clima.
“O perigo é que nós nos esqueçamos da crise climática para cuidarmos do resto, mesmo sabendo que tudo é interligado. (…) Há mais mortes pelos efeitos das mudanças climáticas do que pela Covid-19, bem mais”, afirmou.
Uma das articuladoras do Acordo de Paris, ela também criticou a polícia ambiental do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), mencionou o desmatamento em curso no país e considerou dramática a situação da nação brasileira.
“Hoje em dia nós devemos prestar contas à população e à nova geração. São esses jovens, até aqui na Europa, que vão conhecer cinco vezes mais ondas de calor do que a minha geração”, disse.