A notícia das mortes provocou indignação de protetores dos animais. Para eles, o calor excessivo, a falta de preparo e as longas distâncias configuram crueldade. Na Carta Aberta, as entidades afirmam que “o dito companheiro do gaúcho, um dos símbolos do pago, está sendo vilipendiado (…) por tradicionalistas de fim de semana” e pedem o fim imediato da cavalgada. Na sexta-feira, as entidades realizaram um protesto em frente ao Palácio Piratini, porque a governadora Yeda Crusius (PSDB) participou da abertura do evento.
“Os cavalos ajudaram a construir o Rio Grande do Sul. Os verdadeiros tradicionalistas deveriam tratar os cavalos com respeito e dignidade”, critica Helena Dutra, do Grupo pela Abolição do Especismo.
A cavalgada também é censurada por pessoas do ramo, como o veterinário Hugo Farias, diretor-técnico no Estado da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga. Participante de jornadas muito mais exigentes, nas quais os animais fazem de 45 a 55 quilômetros por dia, durante 15 dias, ele critica a falta de preparo dos participantes do evento e o sofrimento a que as montarias são submetidas.
“Normalmente, são cavalos de lazer, de pessoas que pensam que cavalgar é sentar em cima. O tutor acha que aguentam tudo. Mas são animais preparados para a beleza, o que significa que são tratados para ter gordura. Outro problema que a gente vê na Cavalgada do Mar é que querem mostrar o animal para o público e fazem gracinhas que estressam e desgastam”, afirma Farias.
Petra Garbade, professora de equinos da Faculdade de Medicina Veterinária da UFRGS, já cuidou de várias cavalos que adoeceram durante a Cavalgada do Mar. Ela conta que o exame de um deles, que estava sofrendo com cólicas, revelou um estômago cheio de algas.
“É muito amadorismo. É óbvio que vai dar problema”, diz.
Fonte: Pioneiro
Nota da Redação: A ANDA acredita que, ainda que “bem tratados”, os animais não devem ser explorados em nenhuma situação. Não respeitar sua natureza já é uma forma de maltratá-lo.
