O diretor científico do Instituto Royal, João Antônio Pegas Henrique, disse nesta segunda-feira (21) que os cães que estavam em testes não podem mais passar por experiências quando forem recuperados. Segundo ele, são animais que estavam recebendo aplicações de antibióticos e pomadas que não foram concluídas. “Eles estavam em testes que nós não conseguimos terminar. Mesmo se forem recuperados, não poderemos começar os testes do zero novamente”, explica Henrique.
A doação dos animais vai ser realizada seguindo normas do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal. “Vamos seguir todas as normas do Concea com todos as normativas de ética e da Lei Arouca, que determina utilização de pesquisas de experimentação animal, para doar os cachorros que estavam em testes”, diz.
De acordo com a assessoria de imprensa do Instituto Royal, os animais que foram levados em fase de teste e que serão doados após resgatados pela polícia não oferecem riscos de contaminação. “Mesmo assim, eles vão passar por todos os exames necessários para assegurar que a saúde dos animais não está comprometida”, informou a assessoria do instituto.
A diretora geral Sílva Ortiz ainda não sabe quantos animais estavam em teste quando foram retirados. “Precisamos fazer um levantamento que pode demorar dias porque levaram todos os documentos e fichas de testes dos nossos prontuários. Então, não sabemos exatamente quantos cães estavam em experiências farmacêuticas nessa época”, explica Silvia.
Os animais são separados por categorias chamadas de matrizes, em teste e em estoque. “As matrizes e os animais em estoque (prontos para os testes) vão passar por exames para atestar a saúde e voltam às baias para serem utilizados na experiências. Já os cachorros que passavam por testes que ficaram inacabados, não podem mais contribuir para as descobertas”, fala a diretora geral.
Duas fêmeas, da raça beagle, foram encontradas no bairro do Carmo, em São Roque (SP) abandonadas. Segundo a polícia, podem fazer parte do grupo de animais que foi salvo na sexta-feira (19) quando ativistas invadiram a sede do instituto e libertaram os animais que eles alegam sofrer maus-tratos.
Todos os animais tem chip mas os equipamentos não podem rastrear os cães. “São chips de identificação laboratorial. Nosso controle interno para saber qual animal está em determinada pesquisa. Não creio que isso possa ajudar a polícia a encontrar os cães”, comenta o diretor científico.
Confronto
No dia seguinte a invasão, os ativistas utilizaram as redes sociais e marcaram uma nova manifestação em frente ao prédio da empresa. Eles queriam entrar no Instituto Royal para ter certeza de que nenhum animal estaria escondido.
A averiguação não foi permitida porque a empresa conseguiu uma liminar na Justiça que impedia a aproximação dos manifestantes. O grupo exigiu a apresentação do documento e em meio a negociações começou o tumulto, com a iniciativa de um grupo de mascarados que incitaram a confusão. A tropa de choque da Polícia Militar reagiu e foram mais de quatro horas de confronto na rodovia Raposo Tavares. A situação foi controlada depois da chegada de reforços policiais.
Invasão
Dezenas de ativistas invadiram, na madrugada de sexta-feira (18), o laboratório do Instituto Royal e resgataram vários animais do complexo. A manifestação foi motivada por suspeitas de maus-tratos aos bichos no local. Manifestantes disseram que o laboratório tinha mais de 200 animais.
A Guarda Municipal da cidade informou que o protesto reuniu 120 pessoas na sexta-feira, e que a maior parte invadiu o complexo após quebrar um portão por volta de 2h. A corporação confirmou que muitos ativistas levaram em seus carros os animais do laboratório.
Fonte: G1