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PULMÃO DA TERRA

Caatinga pode responder por metade do sequestro de carbono do Brasil, indica estudo

Pesquisa detalha que o semiárido nordestino foi responsável por quase metade da remoção de CO₂ do Brasil entre 2015 e 2022

12 de setembro de 2025
Nilson Cortinhas
3 min. de leitura
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O Morro do Pai Inácio é um dos pontos turísticos mais famosos da Chapada Diamantina, na Caatinga. Foto: Getty Images

De 2015 a 2022, a Caatinga foi responsável por quase 50% de toda a captura de carbono do Brasil, de acordo com o estudo publicado na revista científica Science of the Total Environment. Apesar de ser um bioma menos “famoso” se comparado a Amazônia e ao Cerrado, o semiárido nordestino se mostrou um aliado pela regulação climática e no cumprimento das metas de emissões líquidas zero assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris.

A dinâmica é simples: durante boa parte do ano, a vegetação permanece seca, mas quando as chuvas chegam, a Caatinga entra em um ciclo acelerado de crescimento, capturando mais CO₂ da atmosfera e funcionando como um “pulmão verde” em pleno semiárido.

A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e colaboradores internacionais. E investigou o impacto da remoção de carbono em todos os biomas brasileiros. A metodologia dos autores compara os dados do SEEG (Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa) com os números do Climate TRACE – consórcio internacional que utiliza satélites e inteligência artificial para monitorar emissões em tempo real.

Os pesquisadores também analisaram dados de precipitação e fluorescência da clorofila, um indicador da fotossíntese. O resultado foi o seguinte: embora a Amazônia mantenha um ponto de equilíbrio de absorção de carbono, a Caatinga apresentou crescimento na atividade fotossintética em anos mais chuvosos, o que elevou de forma significativa a sua capacidade de sequestro de carbono.

“Se o desmatamento for efetivamente controlado e os distúrbios antrópicos reduzidos, o Brasil pode não apenas zerar suas emissões líquidas, mas se tornar um sumidouro líquido de carbono”, concluem os autores.

Estudos recentes, porém, detalham que a Caatinga já perdeu aproximadamente 8,6 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2023 – o equivalente a 14% de sua cobertura original, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O bioma abriga mais de 3 mil espécies de plantas e cerca de 1.800 espécies de animais.

A pesquisadora e química Marília Goulart defende a ideia que a Caatinga é resistente, mas isso não pode gerar negligiência por parte do poder público. “É preciso aprender com seus mecanismos de sobrevivência”.

Fonte: Um só Planeta

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