Por Lobo Pasolini (da Redação)
Zoológicos tem uma visão utilitarista dos animais que eles mantêm como prisioneiros. Eles têm que ter uma utilidade, seja para o entretenimento dos animais humanos que visitam esses campos de concentração, ou para ‘preservar espécies ameaçadas’, como se meia dúzia a mais de animais fosse resolver o problema (preservar habitats e coibir a caça e pecuária me parecem soluções mais permanentes).
De qualquer maneira, por que alguns indivíduos deveriam ser incumbidos de perpetuar a sua espécie? Não foram eles que criaram o problema. E se o habitat de uma espécie não existir mais, de que adianta preservar uma espécie se seu destino é viver confinado para sempre?
Veja o caso dos pinguins africanos machos no zoológico de Toronto que compartilham ninho desde que chegaram ao local há cerca de um ano. Pedro e Buddy desenvolveram uma ligação social que não é necessariamente sexual, mas que obviamente deve ser muito importante para eles. Uma parceria parecida com a de muitos homens.
Mas, não contente em deixar o casal em paz, o zoológico quer os separar para que eles possam procriar com fêmeas, ou seja, vão causar infelicidade para Pedro e Buddy para que eles executem uma função prescrita pelo zoológico – eles têm que pagar o aluguel de alguma forma, certo?
O zoológico já recebeu uma enxurrada de reclamações e, como era de se esperar, até mesmo humoristas famosos já fizeram referências ao caso. A única que não é engraçada é a existência dos zoológicos. Seria muito mais divertido para os animais existir em seus habitats, livres. Sem essa opção é melhor não existir.