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ESTUDO

Suíça defende criação de painel científico para analisar geoengenharia solar contra crise climática

Mesmo com oposição de especialistas, a Suíça defende uma análise da ONU sobre os “riscos, benefícios e incertezas” dessa tecnologia no combate à mudança climática.

24 de fevereiro de 2024
Redação ClimaInfo
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

O debate sobre geoengenharia solar ganhou mais um capítulo. O governo da Suíça apresentou ao Programa da ONU sobre Meio Ambiente (PNUMA) uma proposta para criar um painel de especialistas para analisar as possibilidades de uso de tecnologias que refletem a radiação solar de volta ao espaço como uma forma de reduzir o aquecimento global.

A proposta deve ser discutida na próxima semana durante a Assembleia Ambiental do PNUMA, que acontecerá em Nairobi (Quênia). A Suíça quer que a ONU estabeleça um grupo para compilar dados de pesquisas recentes sobre geoengenharia solar e, a partir dessas informações, recomendar possíveis abordagens para o uso dessa tecnologia.

A polêmica está exatamente nesse ponto – o uso da geoengenharia solar, mesmo que de forma experimental. Isso porque, para muitos especialistas, essa tecnologia ainda é muito preliminar e as pesquisas científicas ainda não conseguiram explorar adequadamente todos os possíveis impactos não apenas sobre o clima, mas também sobre a produção de alimentos, a diversidade biológica e mesmo a segurança internacional.

Em setembro passado, um grupo de cientistas criticou o relatório apresentado pela Climate Overshoot Commission que elencou a geoengenharia solar dentro do rol de ações potenciais para os países restringirem o aquecimento global dentro dos limites do Acordo de Paris. Para esses especialistas, as incertezas ainda são grandes demais para que se possa avançar para algum uso da tecnologia.

Por outro lado, os defensores da proposta argumentam que a investigação sobre a geoengenharia solar é necessária não apenas para entender melhor os efeitos dessa tecnologia, mas também para garantir uma supervisão multilateral de sua aplicação. De acordo com eles, existe o risco de que governos ou empresas poderosas possam desenvolver e testar essa tecnologia sem qualquer monitoramento.

“Há um risco real de que obrigar o PNUMA a redigir um relatório e criar um grupo de especialistas possa minar a moratória de fato que existe atualmente sobre geoengenharia e, inadvertidamente, fornecer legitimidade para adiar ações para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis”, afirmou Mary Church, do Centro para Direito Ambiental Internacional (CIEL), ao Guardian.

O caminho para a proposta suíça ser aprovada é difícil. O Senegal, que estava como coautor da iniciativa, desistiu de se associar a ela. Países como Estados Unidos e Arábia Saudita manifestaram dúvidas sobre a proposta. As nações africanas já se colocaram publicamente contrárias. De toda forma, a decisão deve ser tomada na próxima semana.

Fonte: ClimaInfo

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