Propostas para a construção de duas mega-fazendas para a criação de milhões de porcos e galinhas preocupa ativistas pelos direitos animais. A People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) está pedindo que os moradores locais apresentem objeções aos planos para o Conselho de Norfolk, na Inglaterra.

De acordo com os documentos de pedido de licença, a nova granja de frangos abrigaria 6,7 milhões de galinhas por ano, distribuídas em 20 galpões. O pedido para a granja de porcos propõe a construção de 14 recintos, cada uma abrigando até mil porcos de cada vez. Ao longo de um ano, seriam 48 mil porcos sendo engordados para abate.

Centenas de objeções aos planos já foram apresentadas ao conselho. Moradores de vilarejos próximos aos locais propostos têm feito campanha contra as fazendas. A PETA está também buscando 50 mil assinaturas em sua petição contra as fazendas, que atualmente conta com 14 mil.

Preocupação com os animais

A ONG afirma que as enormes fazendas intensivas causarão sofrimento sério aos porcos e galinhas mantidos nelas. As galinhas serão criadas na localidade de Methwold desde o primeiro dia de vida até serem enviadas para morrer aos 38 a 40 dias de idade. Elas nunca sairão ao ar livre e serão restritas a não mais do que o tamanho de uma folha de papel A4 cada. Os porcos chegarão à Fazenda Feltwell com 12 semanas de idade e ficarão lá por mais 12 semanas até atingirem o peso de abate.

As duas empresas por trás dos pedidos, Crown Chicken e Wayland Farms, são ambas de propriedade do produtor de alimentos Cranswick. Investigações secretas em fazendas de propriedade da Cranswick revelaram anteriormente condições lamentáveis para os animais.

Em 2023, a Animal Justice Project compartilhou imagens feitas em Bickmarsh Hall, uma mega-fazenda de porcos aprovada pela Red Tractor, responsável por fiscalizar os limites de sofrimentos dos animais em fazendas. A investigação mostrou porcos sendo agredidos e chutados por trabalhadores, que também teriam usado dispositivos elétricos proibidos. Um porco com prolapso retal foi canibalizado por outros, e um leitão doente foi deixado para ser pisoteado por outros por 13 horas antes de ser retirado do cercado. Porcos mortos foram deixados em lixeiras ao redor da fazenda.

Em 2021, uma investigação da Open Cages revelou o sofrimento de galinhas em uma fazenda intensiva de propriedade da Cranswick. Devido à reprodução seletiva para fazê-las crescer rápido, muitas galinhas tinham deformidades nas pernas e não conseguiam andar. Elas deitavam em seus próprios dejetos, que queimavam a pele delas.

Prejudicial ao meio ambiente

Os ativistas têm levantado várias preocupações ambientais sobre os planos, incluindo poluição do ar, da água e sonora. Moradores estão preocupados com o aumento do tráfego de caminhões grandes, maus odores provenientes dos resíduos animais e má qualidade do ar. Um matadouro de porcos operado pela Cranswick em Norfolk vazou líquido contaminado em um rio de calcário raro em 2019.

O número de fazendas intensivas de galinhas e porcos tem aumentado no Reino Unido, assim como a poluição associada a elas. 60% da poluição por partículas finas no Reino Unido provém de amônia de fazendas, liberada a partir de esterco animal e fertilizante sintético. A amônia se desloca para cidades e contribui para a formação de material particulado mortal.

O escoamento de resíduos tem causado sérios problemas ambientais em torno das fazendas, incluindo florações de algas em um rio local. Os protetores entraram recentemente com ações legais contra a Agência Ambiental e o governo do Reino Unido por não protegerem esse rio dos resíduos gerados pelos 25 milhões de frangos criados intensivamente em sua bacia hidrográfica.

A ração para galinhas e porcos criados intensivamente tem sido vinculada ao desmatamento na América do Sul. Em 2019, um milhão de toneladas de soja importada, usada principalmente como ração para galinhas, pode ter vindo de áreas desmatadas da Amazônia.

Crescimento no número de fazendas no país

Mega-fazenda é o termo usado para fazendas do tamanho equivalente a uma Operação de Alimentação Animal Concentrada (CAFO) nos Estados Unidos. Essas fazendas têm pelo menos 125 mil frangos criados para carne, ou 82 mil galinhas para a produção de ovos. Uma mega-fazenda de porcos tem 2.500 ou mais animais, enquanto são necessários 700 para vacas leiteiras e mil bois.

O Bureau of Investigative Journalism revelou que havia pelo menos 789 mega-fazendas até 2017. Dentre essas, 575 eram para aves, 190 para porcos, 21 para laticínios e três para carne de boi.

Norfolk já possui 74 mega-fazendas, principalmente de aves, mais do que qualquer outro condado, de acordo com um relatório de 2017 do Eastern Daily Press. Isso é o que mais preocupa os moradores locais.