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INCÊNDIO FLORESTAL

Por que Roraima está em chamas? Estado atinge nível recorde de emissões de CO2 em 22 anos

Mês de fevereiro foi o de maior registro de focos de incêndio na região e, também, o de mais lançamento de gás carbônico na atmosfera

1 de março de 2024
Redação Um Só Planeta
4 min. de leitura
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Foto: Samantha Rufino | g1 RR

Roraima vive situação de emergência ambiental devido aos efeitos de uma seca extrema. Um ponto de bastante preocupação são os incêndios. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 1 a 27 de fevereiro, foram registrados 2.001 focos de fogo no estado, número 12 vezes maior do que o do mesmo mês de 2023.

Este é o pior fevereiro em termos de queimadas desde 1999, quando o monitoramento começou. A primeira posição para o mês era de 2007, quando 1.347 focos foram contabilizados na região.

Com a intensa atividade das queimadas, as emissões de CO2 em Roraima atingiram o nível mais alto para fevereiro em 22 anos. Estimativa do Serviço de Monitorização da Atmosfera Copernicus (CAMS), implementado pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF), é de que 2,3 megatoneladas do poluente tenham sido lançadas na atmosfera até o dia 27.

Esse volume representa mais da metade do total emitido pelo Brasil inteiro em queimadas – 4,1 megatoneladas – no mesmo período.

O que explica esse cenário?

A seca estrema que assola Roraima se dá por uma combinação de fatores. No verão, a pouca chuva é comum no local – o Climatempo destaca que o estado é único do Norte do Brasil que não obedece o regime de chuva de verão.

Só que o período normal de estiagem está sendo agravado pelo forte El Niño, presente no Brasil desde o inverno de 2023. Um dos efeitos deste fenômeno é o de deixar o extremo norte do país mais quente do que o normal e reduzir a frequência e intensidade da chuva.

Ane de Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), disse em artigo publicado pelo Observatório do Clima, que a temporada de queimadas em Roraima acontece no começo do ano, por conta da seca, mas que o atual crescimento dos números é anormal e atribui isso às mudanças climáticas.

“A tendência dos focos, não só do Brasil, mas de outros países como Colômbia, Venezuela, aumentou bastante neste período. Tudo leva a crer que essa anomalia é por conta do clima”, observou.

Um estudo realizado pelo Greenpeace chegou a fazer uma ligação entre os incêndios florestais em Roraima e as queimadas controladas que receberam autorização do governo estadual.

O levantamento da organização não governamental com base no diário oficial do estado conclui que o governo de Roraima concedeu 55 licenças ambientais para realização de queimadas controladas durante este período de seca extrema.

“O que a gente gente viu usando os dados de focos de calor do Inpe e os de uso e cobertura do solo são aquelas autorizações que foram dadas, em sua maioria, para queima de área de pasto. Elas podem ter se alastrado para floresta. Mas a maioria dos focos de calor ocorrem sem licença nenhuma de forma ilegal”, relatou Rômulo Batistas, porta-voz do Greenpeace Brasil, ao Jornal Nacional.

“O fogo na Amazônia é muito utilizado basicamente para a renovação de pastagem, o problema é que esse fogo pode perder o controle e ir para áreas de floresta, como a gente viu”, acrescentou.

Em nota enviada à Rede Globo, o governo de Roraima disse que a maioria das autorizações expedidas não foi utilizada e grande parte das queimadas é originada de incêndios florestais, o que evidencia foco oriundo de ação ilegal e criminosa. Pontuou ainda que uma portaria suspendeu o ciclo de queimadas desde quarta-feira passada e que está atuando no combate aos incêndios florestais com 82 bombeiros.

Fonte: Um Só Planeta

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