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ESTUDO

Mudanças climáticas revelam a complexa dinâmica das barreiras reprodutivas nas espécies marinhas

Cientistas da Universidade de Monash descobriram como o aumento das temperaturas influencia as interações reprodutivas e os limites das espécies de organismos marinhos.

30 de abril de 2024
Green Savers
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Registro de uma Galeolaria; Foto: Peter Woodard | Wikimedia Commons

À medida que as mudanças climáticas continuam a remodelar os ecossistemas, um estudo inovador da Faculdade de Ciências da Universidade de Monash lança luz sobre a complexa interação entre a temperatura, o sexo parental e as barreiras reprodutivas nos vermes marinhos, conhecidos como Galeolaria, do hotspot de biodiversidade do sul da Austrália, que está aquecendo rapidamente.

As túberas Galeolaria são espécies de fundação encontradas nas costas rochosas da Austrália temperada. As túberas constroem e ocupam colônias densas de tubos rochosos, que aumentam a biodiversidade costeira, fornecendo habitat e refúgio contra o estresse térmico a espécies que, de outra forma, não persistiriam no local.

O estudo, publicado na revista Evolution, foi motivado pelo fato de as mudanças climáticas estarem alterando a distribuição e as interações das espécies, proporcionando-lhes novas oportunidades de acasalamento e hibridação.

A equipe de pesquisa examinou uma série de barreiras à reprodução ao longo das fases de vida de duas espécies de Galeolaria, abrangendo diferentes faixas de temperatura desde o Cabo Otway, em Victoria, até Tathra, em Nova Gales do Sul. Esta região é mundialmente reconhecida pela sua biodiversidade marinha e está também a aquecer muito mais rapidamente do que a taxa média global.

Os resultados indicam que as barreiras reprodutivas entre as espécies são mais fracas na fase de fertilização e embriogênese, mas tornam-se mais fortes e mais sensíveis à temperatura durante a fase de desenvolvimento larvar.

É importante notar que o estudo também revela uma assimetria nas barreiras entre os sexos parentais, o que sugere uma interação complexa entre a diferenciação do nicho térmico e a herança materna.

O autor sênior, Keyne Monro, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Monash, explica: “Nossa pesquisa destaca o papel fundamental da temperatura na formação do isolamento reprodutivo entre as espécies de Galeolaria. À medida que as temperaturas aumentam, observamos mudanças na força das barreiras reprodutivas, com implicações significativas para a dinâmica futura das interações entre espécies e da biodiversidade. Nossos resultados apontam para um papel fundamental da temperatura no isolamento reprodutivo, mas também para desafios na previsão do destino do isolamento em climas futuros”.

O estudo sublinha a importância de compreender os fatores ambientais e biológicos que influenciam o isolamento reprodutivo, particularmente no contexto das alterações climáticas.

Ao examinar as barreiras em várias fases da vida e condições ambientais, os pesquisadores podem obter informações valiosas sobre os mecanismos que determinam a sensibilidade das espécies ao clima e à hibridação de espécies.

“Nossos resultados sublinham a necessidade de avaliações exaustivas das barreiras reprodutivas em diversos ambientes”, afirma o coautor, o Professor Associado Kay Hodgins, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Monash.

“Este conhecimento é crucial para prever o destino das fronteiras das espécies e orientar os esforços de conservação num mundo em rápida mudança”, acrescenta.

“Ao desvendar a complexa relação entre temperatura, barreiras reprodutivas e interações entre espécies, os cientistas estão mais bem equipados para proteger e preservar a biodiversidade marinha face às alterações ambientais”, diz ainda Hodgins.

Dado que os ecossistemas marinhos enfrentam desafios sem precedentes decorrentes das mudanças climáticas, estudos como este fornecem informações essenciais sobre as estratégias de adaptação e a dinâmica ecológica dos organismos marinhos.

Fonte: Greensavers

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