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Menos carne menos gases estufa

22 de março de 2010
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No momento em que as atenções do mundo inteiro estavam voltadas para a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Copenhague, em que foram  discutidas propostas que viabilizassem um acordo entre os países para a redução das emissões de gases de efeito estufa, pouco se falou num aspecto fundamental relacionado a essa questão, que é o problema da pecuária e a redução do consumo de carne.

Apesar do alerta divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), em 2006, que aponta a criação de gado como responsável por 18% das emissões de gases estufa, contra 13% daqueles  provenientes dos combustíveis fósseis e das atividades industriais, as discussões protagonizadas pelas lideranças mundiais, vão sempre na mesma direção: veículos automotores, chaminés, biodisel, etc, . Parece que mexer com o paladar do ser humano não constitui-se num discurso e muito menos numa atitude “politicamente correta”. Talvez seja por isso que o Partido Pelos Animais da Holanda tenha feito o documentário Meat The truth, que não só tem a coragem de abordar as conseqüências ambientais do excessivo consumo de carne na atualidade, como faz um contraponto ao documentário “Uma Verdade Inconveniente”, do ex-candidato a presidente dos Estados Unidos, Al Gore, que por ser oriundo de família de pecuarista e por não querer se opor ao padrão alimentar norte-americano e a poderosa indústria da carne, não citou uma vírgula sobre essa questão.

De acordo com o documentário, segundo estudo feito pela Universidade de Amsterdam e Fundação Nicholas G. Pierson, a redução do consumo de carne traria uma enorme contribuição para a redução das emissões de carbono nos EUA. Deixar de comer carne por um dia da semana economizaria o equivalente a 90 milhões de passagens de avião de Nova York a Los Angeles todo o ano; dois dias sem o bife daria para trocar todos os eletrodomésticos como geladeiras, freezers, microondas, máquinas de lavar roupa, de lavar louça e de secar e assim por diante, por modelos que gastam menos energia; para deixar de produzir 300 milhões de toneladas de gases estufa, equivalentes a todos os carros da frota americana substituídos por carros elétricos híbridos bastaria apenas ficar três dias sem carne; somando mais um dia equivaleria a reduzir a metade o consumo de eletricidade, gás. Óleo, petróleo e querosene dos EUA; 5 dias  equivaleria plantar 13 bilhões de árvores  (43 para cada americano) no seu jardim e deixá-las crescer por 10 anos; para eliminar todo o uso de eletricidade em todas as casas dos EUA seriam necessário seis dias sem carne; por fim, a adesão ao vegetarianismo evitaria a emissão de 700 milhões de toneladas de gases estufa, ou seja, equivaleria a retirar todos os carros de circulação.

Há poucos meses, o ex-beatle Paul MacCartney, lançou na Inglaterra a campanha “Segunda Sem Carne”, que tem como propósito, fazer com que as pessoas excluam, ao menos por um dia da semana, a carne do seu prato, contribuindo assim, na diminuição dos gases estufa. Só para se ter uma idéia: se cada habitante do Reino Unido deixasse de comer carne uma vez por semana, isso equivaleria a retirar de circulação por um ano cinco milhões de automóveis!

A ONU, através da FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, divulgou em 2006 um relatório de mais de 400 páginas, intitulado “A Grande Sombra do Gado”, cujos estudos demonstram que toda a cadeia produtiva relacionada à pecuária é mais danosa ao aquecimento global do que as atividades industriais e à queima dos combustíveis fósseis como petróleo, carvão, etc,.

Antes de o bife chegar à mesa, há todo um desastroso impacto ambiental “embutido” na produção dessa carne que é consumida. Em média, esbanja-se 15.000 mil litros d’água para a produção de um quilo de carne bovina, enquanto que para a produção de um quilo de cereais, se gasta em média 1.300 litros. Prá essa mesma água gerada na produção de 1 kg de carne, poderemos produzir 227 kg de tomate ou 122 kg de batata. Além disso, o grande problema é que o consumo de carne praticamente quintuplicou nas últimas quatro décadas e aí que essa demanda gerou uma superpopulação de bois e vacas no mundo. Além da água e da expansão das áreas de criação, toda essa bicharada, até que cresça e possa ser abatida, tem que comer! E comer muito! E é aí que estamos acabando com as florestas tropicais, tipo a Amazônia, com toda a sua riqueza e diversidade biológica, por pasto e cereais como o milho e a soja, que quase em sua totalidade, 85% e 90% respectivamente, serão exportados para serem transformados em ração animal.

Então, queimamos floresta, exaurimos o solo, desperdiçamos e contaminamos água com fezes bovina e extinguimos fauna e flora para produzir bois. A excessiva  população bovina, através de seu processo digestivo conhecido como rumem (por isso ruminantes), gera o gás metano que é 23 vezes mais poluente que o gás carbônico CO2. Não bastasse o metano expelido pelos arrotos e flatulências bovinas, temos a amônia e o óxido nitroso, que é um gás 296 vezes potente para o aquecimento do planeta que o CO2. Estamos aqui falando dos bois, mas temos outras conseqüências ambientais gerada pela produção de porcos, aves e ovelhas. Estas, por exemplo, na Austrália, respondem por 10% dos gases estufa.

Por isso, campanhas que promovam a redução do consumo de carne, ao menos num dia da semana, estão se espalhando mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil, na cidade de São Paulo. Cada deve fazer a sua parte, seja pela sua saúde, pelo planeta e pelos animais.

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