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Lobo-guará capturado em Angatuba está em Sorocaba (SP)

31 de outubro de 2011
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Nos últimos dias do mês do lobo-guará, um representante da espécie em extinção foi apreendido pela Polícia Militar Ambiental de Itapetininga e levado para Sorocaba. A fêmea adulta foi encontrada rondando uma propriedade rural de Angatuba na noite de sábado. O proprietário entrou em contato com a PM, que conseguiu capturar e imobilizar o animal. O lobo foi encaminhado neste domingo ao parque e passará por um check-up completo, já que foi encontrado com a saúde debilitada. De acordo com o médico veterinário, Rodrigo Teixeira, o caso é um reflexo do desequilíbrio ambiental da região.

Debilitada e com pouco peso, (o animal foi encontrado com 18 quilos – o normal para um lobo-guará é de pelo menos 25 kg), o lobo provavelmente estava à procura de alimento quando foi capturado. “Ela foi atrás de comida, de alguma galinha ou outra criação, porque está passando fome”, comentou o veterinário.

A fêmea apresentou uma “bicheira” no ouvido, possivelmente iniciada com uma otite – inflamação no ouvido. A enfermidade é caracterizada pela infecção da pele dos animais por uma grande quantidade de larvas de mosca. A preocupação dos veterinários e biólogos era a possibilidade da bicheira ter evoluído e alcançado o cérebro do animal. Até por isso, o lobo será enviado à Botucatu, onde serão realizados exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética. “Se há suspeita de lesão na cabeça, ela precisa passar por esses exames. Vamos fazer também eletrocardiograma e ver como está a função cerebral dela”, afirmou Teixeira.

Em liberdade, a espécie pode viver até cerca de 12 anos. A fêmea adulta encontrada deve ter entre quatro e 10 anos, de acordo com análise veterinária, mas não iria viver por muito tempo. “Nessas condições em que foi encontrado, magro e doente, esse animal iria morrer logo”, disse.

O objetivo de Teixeira é devolvê-la à natureza, mas ela só será liberada após alta médica. “Na pior das hipóteses, a gente consegue salvá-la, mas condenada ao cativeiro. Ela só vai ficar presa se tiver com alguma enfermidade irreversível, mas eu vou lutar com todas as armas para devolvê-la à natureza”, garantiu.

Antes de devolvê-lo ao seu habitat, a equipe irá realizar uma marcação na pele e colocar um microchip no animal. “Assim, se tiver outra ocorrência com lobo, eu consigo saber se é ela ou não”, explicou.

Desequilíbrio ecológico

O lobo-guará é uma das espécies brasileiras ameaçadas de extinção e comum na região de Sorocaba. No parque existem outras duas fêmeas e um macho, que foram pegos dentro das mesmas circunstâncias, em regiões próximas. “Isso é um reflexo do desequilíbrio ecológico e nos preocupa. Há muitos em cativeiro e poucos lá fora. Isso quer dizer que estão mexendo com o habitat dele”, explica Teixeira.

Outros dois animais que chegaram ao local nos últimos meses reforçam os dados estatísticos de Teixeira. No mês passado, um filhote de onça pintada, com 60 dias, foi encontrado na mesma região. Há dois meses, um tamanduá-bandeira foi capturado também na região de Itapetininga, com queimaduras. “Estão mexendo de forma agressiva na região. Há muitas plantações e investimentos. Os animais não conseguem viver no meio de um canavial, plantação de pinus (eucalipto) ou em condomínio fechado. Eles estão ficando sem lugar para viver”, reforça.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

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