EnglishEspañolPortuguês

CLIMA

Inundações "apocalípticas" na Itália estão ligadas à crise climática, dizem pesquisadores

Moradores e turistas estão sendo aconselhados a limitar suas viagens no norte da Itália, após inundações que mataram pelo menos 14 pessoas e forçaram 36 mil a deixarem suas casas

23 de maio de 2023
Por Redação
2 min. de leitura
A-
A+
Bombeiros resgatam moradores em bote em uma rua inundada depois que fortes chuvas causaram inundações na região de Emilia Romagna, no norte da Itália – Foto: Antonio Masiello/Getty Images

As inundações mortais que atingiram a região de Emilia Romagna, no norte da Itália, matando pelo menos 14 pessoas, são um sinal da aceleração da crise climática, segundo pesquisadores. As enchentes acontecem após anos de forte seca na região, que compactaram o solo, reduzindo sua capacidade de absorver as chuvas.

“O aumento das temperaturas intensifica os episódios de seca, secando o solo e alterando sua permeabilidade de diferentes maneiras”, disse Mauro Rossi, pesquisador do Instituto de Pesquisa para Proteção Geo-Hidrológica, parte do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália, em um comunicado à imprensa.

Quantidades extremas de água caindo em um curto período de tempo exacerbam o escoamento, disse Rossi, fazendo com que o excesso de água escoe para os rios, que respondem “transbordando, escavando e mudando seus leitos”.

Mais de 20 rios na região transbordaram, provocando uma onda de 280 deslizamentos de terra, informou o departamento de Proteção Civil na quinta-feira (18). Entre os mortos, está um homem de 84 anos, cujo corpo foi encontrado na lama no pátio de sua casa na cidade de Faenza, informa a CNN. Mais a leste, na aldeia de Ronta di Cesena, também morreu um casal.

Cerca de 20 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas, e até 27 mil ficaram sem energia, de acordo com a Enel, multinacional italiana fabricante e distribuidora de eletricidade e gás.

As inundações também devastaram terras agrícolas. De acordo com a Coldiretti, uma associação de agricultores, mais de 5 mil fazendas estavam submersas na Emilia Romagna, que inclui uma área conhecida como “Fruit Valley”, além de campos de milho e grãos. Estufas e estábulos também foram inundados, com relatos de animais afogados, disse a associação, em um comunicado à imprensa.

As operações de socorro estão em andamento, com 1.097 bombeiros mobilizados na região, segundo as autoridades. Alguns ambientalistas italianos criticaram o governo por falta de preparação. A crise climática “está afetando territórios com eventos extremos cada vez mais intensos, com riscos para a vida das pessoas, impactos no meio ambiente e na economia. E a Itália mais uma vez se mostra despreparada”, disse a associação ambientalista italiana Legambiente, também em comunicado à imprensa.

Embora seja muito cedo para saber com certeza o papel que a mudança climática desempenhou nas enchentes, os cientistas dizem que, à medida que os níveis de emissões de CO2 do planeta aumentam, o mundo pode esperar climas extremos mais frequentes e severos.

A Itália é particularmente vulnerável às mudanças climáticas devido à sua geografia, que a coloca em alto risco de deslizamentos de terra, e porque é cercada pelo aquecimento do Mar Mediterrâneo, aumentando a chance de fortes tempestades.

Fonte: Um Só Planeta 

Você viu?

Ir para o topo