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EMISSÃO DE GASES

Extrapolando a meta do 1,5°C: governos planejam produzir cerca de 110% mais combustíveis fósseis em 2030 do que seria compatível com Acordo de Paris

Produção planejada de petróleo, gás e carvão é o dobro do aceitável pela meta do Acordo de Paris

10 de novembro de 2023
Redação Um só planeta
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Produtores mundiais de combustíveis fósseis estão planejando expansões que ultrapassam em duas vezes o orçamento de carbono do planeta, concluiu um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo os autores, os planos que “colocam em questão o futuro da humanidade” são uma “insanidade”. Pelo relatório publicado nesta quarta-feira (8), os governos planejam produzir cerca de 110% mais combustíveis fósseis em 2030 do que seria compatível com a limitação do aquecimento a 1,5°C.

Os planos energéticos dos petroestados contradizem as suas políticas e compromissos climáticos, segundo o relatório. Todos os principais combustíveis fósseis apontam para crescimento: os planos levariam a 460% mais produção de carvão, 83% mais gás e 29% mais petróleo em 2030 do que seria possível queimar se o aumento da temperatura global fosse mantido nos 1,5 ºC acordados internacionalmente. Os planos também produziriam 69% mais combustíveis fósseis do que é compatível com a meta mais arriscada de 2 ºC.

O relatório traça o perfil de 20 nações produtoras de combustíveis fósseis, que foram a fonte combinada de 84% das emissões de CO2 em 2021. Destas, 17 comprometeram-se a atingir emissões líquidas zero. Os países responsáveis pelas maiores emissões de carbono provenientes da produção planejada são a Índia (carvão), a Arábia Saudita (petróleo) e a Rússia (carvão, petróleo e gás). Os EUA, Canadá e os Emirados Árabes Unidos – que vão sediar a COP28 neste ano – também planejam ser grandes produtores de petróleo.

“O vício em combustíveis fósseis ainda tem garras profundas em muitas nações. Os governos devem parar de dizer uma coisa e fazer outra”, disse Inger Andersen, diretora executiva do programa ambiental da ONU, reporta The Guardian.

Neil Grant, analista do Climate Analytics e autor do relatório, afirmou que “Apesar das suas promessas climáticas, os governos planejam investir ainda mais dinheiro numa indústria suja e moribunda, enquanto as oportunidades abundam num sector florescente de energia limpa. Além da insanidade econômica, é um desastre climático criado por nós mesmos”.

Para Michael Lazarus, do Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI), um dos principais autores do relatório, “[O problema é] o desejo de cada país maximizar a sua própria produção”. Ele afirma a necessidade de uma eliminação global equitativa e coordenada internacionalmente dos combustíveis fósseis.

O novo relatório, que analisou os planos de expansão dos grandes produtores de combustíveis fósseis com base em dados disponíveis publicamente, concluiu que a diferença entre a produção planejada e a quantidade consistente com a manutenção de 1,5 ºC de aquecimento global era tão grande agora como quando a análise foi feita pela primeira vez em 2019. A diferença em 2030 é estimada em 20 mil milhões de toneladas de CO2, cerca de metade da produção anual de emissões globais. Apenas quatro países têm planos que preveem queda nas emissões globais dos combustíveis fósseis: Reino Unido, China, Noruega e Alemanha.

“Os governos estão literalmente duplicando a produção de combustíveis fósseis – o que significa problemas duplos para as pessoas e o planeta. Os combustíveis fósseis estão transformando em fumaça os objetivos climáticos essenciais”, disse António Guterres, secretário-geral da ONU.

Fonte: Um Só Planeta

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