EnglishEspañolPortuguês

ESPÉCIE EM RISCO

Estudo mostra que diabos-da-Tasmânia continuam ameaçados por câncer letal infeccioso

A informação contraria artigo lançado em 2020, que dizia que a taxa de transmissão teria diminuído

17 de abril de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
A-
A+
Foto: JJ Harrison | Wikimedia Commons

Estudo da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, mostrou que diminuição no câncer letal infeccioso presente nos diabos-da-Tasmânia é incerta, contrariando artigo de 2020. Conhecida como doença tumoral facial dos diabos-da-Tasmânia (TFDT), ela é uma das maiores ameaças para a existência da espécie.

A doença facial desses animais, um câncer fatal disseminado por mordidas e compartilhamento de alimentos, surgiu pela primeira vez na década de 1980. A disseminação da doença levou à inclusão da espécie na lista de ameaçadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza em 2008.

O estudo original, publicado na revista Science em 2020, descobriu que a taxa de transmissão havia desacelerado, de modo que um animal afetado infectaria apenas um animal, anteriormente, um diabo-da-Tasmânia infectado afetaria outros 3,5.

Os estudiosos estavam “cautelosamente otimistas” de que esses animais haviam desenvolvido uma resposta imune natural ao câncer e concluíram que a doença não representava mais uma ameaça para a sobrevivência da espécie.

Cientistas de Cambridge replicaram o estudo e concluíram que as descobertas-chave do estudo original não puderam ser reproduzidas, deixando o futuro dos diabos-da-Tasmânia incerto, em uma crítica publicada na Royal Society Open Science.

Elizabeth Murchison, professora de oncologia comparativa e genética na Universidade de Cambridge e uma das autoras sênior da crítica, disse que os pesquisadores originais sequenciaram o DNA apenas metade do número recomendado de vezes. Ela disse que é recomendado que os cientistas sequenciem o DNA pelo menos 30 vezes ao analisar tumores para ter confiança de que uma variante é realmente uma mutação. Sua reanálise descobriu que os pesquisadores do estudo original sequenciaram o DNA uma média de 15 vezes.

Murchinson disse ainda que a taxa de mutação registrada pelos pesquisadores originais era “implausivelmente alta” e sugeriu que as mutações registradas provavelmente não tinham significado.

Os autores do estudo inicial discordaram e disseram que mantinham suas pesquisas. Eles afirmaram ter publicado artigos nos anos seguintes que “apoiam a conclusão básica de que a sobrevivência contínua dos diabos-da-Tasmânia na natureza é provável e que houve uma evolução rápida dos animais em resposta à doença”.

Carolyn Hogg, uma bióloga populacional da Universidade de Sydney que não estava envolvida em nenhum dos estudos, elogiou a profundidade da análise de sequenciamento realizada pelos pesquisadores de Cambridge. Ela disse que eles eram “de longe os maiores especialistas” no campo.

Hogg disse que a melhor aposta para os diabos-da-Tasmânia era uma vacina em desenvolvimento pelo Instituto de Pesquisa Médica Menzies, na própria Tasmânia, para a prevenção da doença.

    Você viu?

    Ir para o topo