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COMPANHEIRISMO

Estudo mostra os impactos da separação entre tutores e seus animais domésticos

O artigo revela que mesmo em situação de desespero, as pessoas hesitam em deixar seus pequenos companheiros para trás

30 de janeiro de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Muitas vezes acontecem imprevistos na vida de tutores que os fazem procurar pessoas para adotar seus animais domésticos. Uma grande mudança de moradia ou uma doença, por exemplo, pode obrigar um tutor e seu maior companheiro a se separarem. Enquanto veterinários e ONGs têm buscado aumentar a conscientização sobre a ansiedade que tal separação causa nos animais, os efeitos desses episódios nos humanos foram pouco estudados.

Um artigo recente da Universidade James Cook, na Austrália, indica que a separação de um animal doméstico também pode ter sérias consequências para as pessoas envolvidas. Os pesquisadores por trás deste estudo chegaram a essa conclusão após revisar cerca de 40 estudos científicos sobre as atitudes de pessoas em situações de crise em relação a esses animais.

De fato, os animais domésticos são tão importantes para seus tutores que muitos se recusam a fugir do perigo sem levá-los consigo, ou sem garantir primeiro a segurança deles.

Vítimas de violência doméstica, por exemplo, frequentemente hesitam em deixar a casa da família por causa de seus animais de estimação. “Em muitos casos de violência doméstica, há evidências que sugerem que as pessoas adiarão a saída do relacionamento para proteger seu animal doméstico. Isso ocorre frequentemente porque há falta de abrigos ou lugares para morar que possam acomodar esses animais, ou falta de confiança nos sistemas de suporte formais para que não sejam separados deles”, explica Jasmine Montgomery, uma das autoras da pesquisa.

Além disso, o agressor da violência doméstica às vezes pode usar o animal como alavanca para forçar a vítima a não alertar as autoridades. “Nos casos em que ameaças aos animais são feitas, as vítimas podem ser atraídas de volta pelo agressor, o que coloca um risco significativo para sua segurança”, destaca a Sra. Montgomery.

A violência doméstica não é a única circunstância em que um tutor se vê tendo que tomar uma decisão difícil. Conflitos armados e desastres naturais podem levar as pessoas a se esforçarem ao máximo para garantir a segurança de seus cães e gatos.

Em 2015, a Agência da ONU para Refugiados publicou um vídeo no Facebook no qual um refugiado sírio conta como percorreu centenas de quilômetros entre Damasco e a ilha grega de Lesbos na companhia de seu cachorro, Rose. Mas nem todos os tutores conseguem levar seus pequenos companheiros consigo ao fugir, o que pode mergulhá-los em grande angústia psicológica.

É por isso que Jasmine Montgomery e os outros pesquisadores envolvidos no artigo estão incentivando as autoridades a considerar mais seriamente o destino dos animais no gerenciamento de crises, facilitando, por exemplo, a evacuação de animais em caso de conflito ou desastre natural.

“Muitas vezes, espera-se que as pessoas escolham interesses humanos em detrimento dos animais a qualquer custo, sem consideração pelo vínculo humano-animal compartilhado”, observa Jasmine Montgomery. “O que precisamos começar a fazer é levar os animais e o valor deles muito a sério.”

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