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IMPACTO PREOCUPANTE

Estudo estima que 17 milhões de animais morreram em incêndios no Pantanal

25 de abril de 2024
Davi Vittorazzi – Da Revista Cenarium
3 min. de leitura
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Foto: Marcella Montenegro | Wikimedia Commons

CUIABÁ (MT) – Um estudo apresentado nesta terça-feira, 23, pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estima que 17 milhões de animais morreram durante os incêndios no Pantanal em 2020. Os dados foram apresentados pelo presidente do órgão, Mauro Oliveira Pires, em Cuiabá.

“O estudo conseguiu levantar uma estimativa de em torno de 17 milhões de vertebrados, que foram eliminados, por aquele fogo. Essa é uma estimativa, muito provavelmente o impacto deve ter sido infinitamente maior, mas isso é o que a gente conseguiu fazer, a estimativa com base no levantamento da pesquisa”, disse Mauro Oliveira.

O levantamento envolveu pesquisadores da Embrapa Pantanal, do ICMBio, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), da Universidade do Mato Grosso (UFMT), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Fundação Meio Ambiente do Pantanal, do Instituto Smithsonian (dos Estados Unidos), além de outras instituições.

Segundo o presidente do Instituto Chico Mendes, os resultados mostram que é preciso de ação para impedir que os incêndios florestais voltem a ter essa proporção no Pantanal. “Os incêndios têm um impacto muito grande sobre a vida animal e a vida humana. Portanto, o nosso objetivo com esse estudo é evidenciar a importância de ter ações que levem à redução, ou de preferência, ao fim desses grandes incêndios que ocuparam o Pantanal naquele ano”, frisou.

O ano de 2020 é considerado pelos pesquisadores como de maior impacto nas últimas décadas no Pantanal, na porção brasileira. Segundo uma outra pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o fogo queimou mais de 30% do território do bioma naquele ano, o equivalente quase 45 mil quilômetros quadrados (km²).

Os incêndios geraram impactos que ainda são sentidos ainda nos dias atuais, como mostra o estudo. “Com alteração de paisagem, movimentação da fauna, tendo que ocupar outros territórios que já eram ocupados por outros indivíduos, isso tem gerando também conflitos dentro da própria população. Animais com filhotes sem ter o que comer, sem ter como se abrigar. Situações em que tivemos que introduzir água. Paisagens totalmente limadas”, relatou Mauro Oliveira Pires.

A apresentação dos dados foi realizada durante um seminário de manejo integrado do fogo, que considera técnicas ancestrais. Nos últimos anos, o ICMBio, que administra o um Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, a 65 quilômetros de de Cuiabá, região do Cerrado, realizou queimadas prescritas em pontos na unidade, como forma de zerar os incêndios florestais.

Cenário pode se repetir

O pesquisador Christian Berlinck, doutor do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros do ICMBio, que também esteve no seminário, disse que a mudança do período de queimadas em 2023, que teve seu pico em outubro e novembro, situação diferente dos anos anteriores, e a seca na Bacia do Alto Paraguai, região do Pantanal, pode favorecer que o cenário das queimadas se acentue como em 2020.

“Os estudos mostram que éramos para ter temperaturas apenas 2°C acima da média, mas ao invés disso, estamos bem mais, tivemos 12 dias de calor consecutivos com temperaturas maiores que 40°C, isso não era estimado para essa década. O que esperávamos viver no período de 2041 a 2060, estamos vivendo agora. Muitos dias sem chuva e com temperaturas acima dos 40°C. Todos esses dados apontam que vamos viver dias ainda mais críticos daqui para frente”, destacou.

Fonte: Revista Cenarium 

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