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DESMATAMENTO

Em um ano, garimpo destruiu 1.400 hectares de floresta em três terras indígenas da Amazônia

Levantamento feito pelo Greenpeace mostra que atividade permaneceu em expansão nos territórios Yanomami, Kayapó e Munduruku em 2023

16 de março de 2024
Cristiane Prizibisczki
3 min. de leitura
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Garimpo ilegal na Terra Indígena Munduruku em março de 2023. Foto: Christian Braga / Greenpeace

Apesar dos esforços do governo federal em combater ilegalidades em Terras Indígenas na Amazônia, com especial atenção ao território Yanomami, o garimpo continua em franca expansão dentro destas áreas. Levantamento divulgado pelo Greenpeace nesta segunda-feira (11) mostrou que, somente em 2023, a atividade destruiu 1.409 hectares de floresta nos territórios Yanomami, Kayapó e Munduruku, o equivalente a quatro campos de futebol por dia.

Segundo a organização, a Terra Indígena mais impactada foi a TI Kayapó, onde o garimpo foi responsável pela abertura de 1.019 hectares de floresta no ano passado. No acumulado até dezembro de 2023, o território tem mais de 15,4 mil hectares de áreas de garimpo.

A atividade, de acordo com análises da organização, está concentrada na parte leste e nordeste do território e se sobrepõe a pelo menos quatro aldeias do povo Kayapó.

A segunda TI mais impactada no acumulado é o território do povo Munduruku, onde o garimpo foi responsável pela abertura de 7 mil hectares de florestas, sendo que 5,6 mil hectares foram destruídos nos últimos cinco anos – entre 2019 e 2023. No território deste povo, os garimpos estão adjacentes a pelo menos 15 aldeias.

“Temos lido e ouvido bastante sobre os esforços do governo para combater o garimpo ilegal na TI Yanomami. Porém, precisamos lembrar que os territórios dos povos Kayapó e Munduruku, no Pará, têm sido muito prejudicados e é preciso reforçar as operações e trabalhos de fiscalização por ali também. Não basta só a vontade política”, afirma Jorge Eduardo Dantas, porta-voz do Greenpeace no Brasil.

A terceira TI mais impactada pelo garimpo na Amazônia é a TI Yanomami, que acumulava, até dezembro de 2023, 3.892 hectares de áreas abertas para a atividade. No ano passado, apesar das ações de fiscalização do governo, 239 hectares foram abertos para o garimpo no território Yanomami.

Os dados do Greenpeace mostram que a abertura de novas áreas na TI Yanomami no ano passado teve um pico em janeiro, seguida por uma queda drástica em fevereiro, logo após o governo federal decretar situação de emergência nacional no território (em 20 de janeiro de 2023). Em março, houve outro pico de novas áreas de garimpo, e mais outro em outubro.

De acordo com o MapBiomas, 92% dos garimpos ilegais no Brasil estão na Amazônia. Somados, apenas os três territórios estudados pelo Greenpeace  apresentam uma área de 26,4 mil hectares – o equivalente à capital de Alagoas, Maceió – ocupados por garimpos.

“Os dados comprovam que os esforços de combate e fiscalização nestes territórios ainda são insuficientes, o que exige medidas urgentes e ações direcionadas dos governos para não apenas diminuir, mas acabar com a atividade garimpeira em terras indígenas, proibida por lei. Cada hora que passa com os garimpeiros dentro dos territórios indígenas significa mais pessoas ameaçadas, uma porção de rio destruído e mais biodiversidade perdida”, disse a organização, em nota.

Fonte: ((o))eco

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