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AMBIENTE PROPÍCIO

Corais danificados podem se recuperar com a reprodução de sons de recifes saudáveis

18 de março de 2024
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Instalar alto-falantes subaquáticos que transmitem sons de recifes de corais saudáveis em habitats danificados pode levar vida de volta para eles. Essa é a descoberta de cientistas do Instituto Oceanográfico Woods Hole, dos Estados Unidos, após um trabalho realizado nas Ilhas Virgens norte-americanas, no Caribe.

Eles relataram que larvas do coral Porites astreoides têm até sete vezes mais probabilidade de se instalarem nos recifes degradados onde havia a reprodução de estalos, gemidos, grunhidos e arranhões típicos de animais presentes neste tipo de ecossistema. Neste vídeo postado pelo instituto na internet é possível ouvir o som de um recife de corais saudável.

“Esperamos que isto seja algo que possamos combinar com outros esforços para devolver o material bom ao recife”, disse a pesquisadora Nadège Aoki ao The Guardian. “Você poderia deixar um alto-falante ligado por um certo período de tempo e ele poderia atrair não apenas larvas de corais, mas também peixes de volta ao recife.”

Diminuição no número de recifes de corais

A descoberta é importante porque, desde a década de 1950, o mundo perdeu metade dos seus recifes de coral em razão das mudanças climáticas, da pesca excessiva, da poluição, da perda de habitat e de surtos de doenças.

Ao longo dos anos, algumas soluções têm sido desenvolvidas para minimizar o problema, como a replantação com corais criados em viveiros e o desenvolvimento de estirpes resilientes que possam resistir ao aquecimento das águas.

A nova abordagem de Aoki e seus colegas, conforme relatado pelo The Guardian, foi pensada a partir de pesquisas anteriores que mostraram que as larvas dos corais nadam em direção aos sons dos recifes.

Os pesquisadores, então, instalaram um sistema de reprodução acústica personalizado movido a energia solar em três recifes perto de St John, a menor das Ilhas Virgens norte-americanas, e mediram quantas larvas de coral, mantidas em recipientes selados com água do mar filtrada, pousaram em pedaços de cerâmica semelhante à rocha.

Os sons foram reproduzidos, durante três noites, apenas no degradado recife Salt Pond. Os outros dois, o também degradado Cocoloba e o saudável Tektite foram incluídos no experimento apenas para comparação.

“[Larvas de] Porites astreoides estabeleceram-se em taxas significativamente mais altas nos locais acusticamente enriquecidos, com média de 1,7 vezes (até um máximo de sete vezes) mais assentamento em comparação com locais de recife de controle sem enriquecimento acústico”, escreveram os cientistas em artigo publicado na revista científica The Royal Society Open Science.

Eles pontuaram que as taxas diminuíram com a distância do alto-falante, mas permaneceram mais altas do que os níveis de controle, a pelo menos 30 m da fonte sonora. “Estes resultados revelam que o enriquecimento acústico pode facilitar o assentamento de larvas de corais a distâncias razoáveis, oferecendo um novo método promissor para cientistas, gestores e profissionais de restauração reconstruírem recifes de coral”, observaram.

Aoki adiantou que mais trabalhos estão em andamento para entender se outras espécies de corais respondem aos sons dos recifes da mesma maneira e se os corais prosperam após se estabelecerem. “É preciso ter muito cuidado com a aplicação dessa tecnologia. Você não quer encorajá-los a se estabelecerem onde morrerão. Realmente tem que ser um esforço multifacetado com medidas implementadas para garantir a sobrevivência destes corais e o seu crescimento ao longo do tempo”, completou. cx

Fonte: Um Só Planeta

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