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Cidade de Bauru (SP) inicia projetos de proteção animal

3 de novembro de 2013
6 min. de leitura
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A falta de políticas públicas para a chamada “causa animal” em Bauru é um consenso. Inexistência de estratégias de castração, infraestrutura precária e carência de campanhas de conscientização resultam em um problema social e de saúde pública que passou da hora de ser resolvido. Finalmente, o município começou a se mexer em prol de uma política. E o primeiro passo é mudar a gestão desses serviços para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma).

Hoje, a responsabilidade é da Secretaria da Saúde. O prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) reconhece que, por isso, o foco dos trabalhos se voltou para a questão das zoonoses, como a leishmaniose e a raiva. Assim, o bem estar da população animal estimada em 90 mil (cães e gatos) foi colocado em segundo plano. “A zoonoses, hoje, não consegue fazer esse serviço social”, aponta.

Por isso, o Executivo já fez a previsão para o Orçamento de 2014 de passar essa política para a Semma. “Hoje, é a única saída para a causa animal. Algo precisa ser feito”, complementa Agostinho.

Além do plano orçamentário, a Semma já começou a se planejar. Há alguns meses, o biólogo Daniel Rolim e o desenhista projetista Wilton Dias da Silva foram destacados para ver o que seria preciso para uma política de qualidade.

“Nós estamos viajando para outras cidades para ver o que está sendo feito. Fomos para Araraquara, onde esse serviço também mudou da pasta da Saúde para o Meio Ambiente. Lá, por exemplo, houve uma melhora muito grande no controle da população animal”, aponta o titular da Semma, Valcirlei Gonçalves da Silva.

O secretário explica que haveria uma espécie de divisão de responsabilidades, sendo que a pasta da Saúde ficaria ainda no controle das doenças causadas pelos animais. A Semma ficaria responsável por todo o restante.

Um dos exemplos que deve – e precisa – ser melhorado urgentemente é o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Conforme o JC noticiou no mês passado, o local foi alvo de quatro furtos em menos de duas semanas. Até um boneco de palha foi colocado para tentar assustar os bandidos.

“Em todos os locais que visitamos, percebemos que o CCZ de Bauru está aquém do que deveria estar em espaço físico e em tecnologia para reabilitar os animais. Isso vale para a estrutura também”, destaca o titular da Semma.

Além do CCZ, os estudos que estão sendo desenvolvidos pelo órgão visam levantar tudo mais o que precisa ser melhorado na área. “Queremos melhorar a política de castração e também do controle de animais. Pretendemos realizar um cadastro de cães e gatos no município com microchips. Uma espécie de RG do animal”, aponta o biólogo Daniel Rolim.

Terá dinheiro?

Além dos animais domésticos, a intenção da Semma é melhorar a atuação também junto à fauna silvestre, com a criação de um Centro de Triagem e Reabilitação (leia mais abaixo). Tudo está sendo planejado e a proposta preliminar será apresentada ainda este ano ao prefeito e à sociedade.

Porém, a mais do que necessária política para animais em Bauru precisa de algo para sair do papel: dinheiro. “Estamos estudando o que precisa melhorar. Iremos fazer o que conseguirmos em termos de verba”, ressalta o secretário Valcirlei da Silva.

A previsão orçamentária, contudo, não é muito animadora. Em 2013, serão destinados R$ 33,3 milhões para a Semma. Mesmo o prefeito declarando que o orçamento já foi elaborado pensando na transferência da “causa animal” para a pasta, o montante é de apenas R$ 3,6 milhões a mais do que o de 2012.

Feira de Adoção

Neste domingo, das 9h às 16h, 75 animais estarão disponíveis durante a realização da Feira de Adoção, no CCZ. Serão 45 gatos (adultos e filhotes) e 30 cães (adultos). A iniciativa é da Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Divisão de Vigilância Ambiental.

Segundo o CCZ, os animais disponíveis para adoção estão devidamente vermifugados, com a primeira dose de vacina e tratados contra ectoparasitas.

Os animais adotados são acompanhados por um fiscal do CCZ através de visitas domiciliares. Se forem constatados maus-tratos, o animal é recolhido e o tutor autuado. Segundo a Divisão de Vigilância Ambiental, desde o início do ano, até o mês de setembro foram adotados 865 animais.

Comupda

Um dos importantes passos para uma política animal em Bauru foi a criação do Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais (Comupda), formado pela sociedade civil e pelo poder público.

Apesar da criação em 2010, os integrantes do órgão, que tem por objetivo estimular políticas públicas em defesa dos animais, demoraram para ser nomeados. Só em 2012, o trabalho começou.

ONG aponta que é preciso repensar o modelo de ação

Para quem lida e luta diretamente pela “causa animal”, não adianta em nada passar a gestão para outras mãos, investir e até melhorar a infraestrutura se não for repensado todo o modelo de ação. Para eles, é necessário incentivar a conscientização e não o confinamento.

Damair Pereira de Almeida, delegada da Sociedade de Proteção Animal Mountarat, afirma que a política animal precisa ser pensada de forma educativa. “É preciso se pensar mais em campanhas e, principalmente, na posse responsável”.

Em relação ao CCZ, ela explica que, mesmo ampliado, é necessário ter cautela para não se tornar um grande confinamento. “A causa animal precisa estimular lares temporários. O animal não pode ficar confinado no CCZ. Ele precisa ser reabilitado e conseguir ser doado. Por isso, ressalto que o ideal é estimular esses lares temporários”.

Estudos preveem Centro de Triagem e Reabilitação para a fauna silvestre

A equipe da Semma viajou para a Capital a fim de verificar o modelo de um Centro de Triagem e Reabilitação para animais silvestres. Hoje, Bauru não conta com esse local e os animais apreendidos ou recolhidos por aqui precisam ser encaminhados para Botucatu (100 quilômetros de Bauru).

A unidade terá como principal tarefa acolher e dar destinação a animais silvestres traficados ou mesmo que, em casos de acidentes, precisem de reabilitação. “Também pretendemos fazer estudos sobre os animais silvestres, como é o caso do sagui”, explica o biólogo Daniel Rolim.

Ele explica que Bauru tem uma demanda desse tipo de serviço, uma vez que “é rota do tráfico de animais pegos no Mato Grosso”.

O JC divulgou com exclusividade, em maio, a possibilidade de Bauru ter esse Centro de Triagem e Reabilitação. O prefeito afirma que se torna cada vez mais concreta a criação desse local. “Seria uma parceira com o governo do Estado. É uma iniciativa compartilhada”, completa o chefe do Executivo.

Serviço

A adoção de animais também pode ser feita no Centro de Controle de Zoonoses, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O CCZ fica na quadra 2 da rua Henrique Hunzicker, Bom Samaritano, na região do Jardim Redentor. O telefone para mais informações é o (14) 3103-8050.

Fonte: JCNet

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