EnglishEspañolPortuguês

BELO HORIZONTE (MG)

Cavalo que puxava carroça cai de exaustão após ser exposto ao calor, denunciam ativistas

27 de setembro de 2023
3 min. de leitura
A-
A+
Ouça esta matéria:
Foto: Lucas Felisberto

Protetores dos animais de Belo Horizonte denunciam que um cavalo foi exposto ao extremo calor e acabou caindo, exausto, na Avenida dos Andradas, no bairro Pompeia, Região Leste da capital.

No vídeo, é possível ver o animal no chão enquanto outras pessoas o observam em volta.

O caso aconteceu por volta das 15h. O vídeo foi feito pelo estudante Lucas Felisberto. Segundo ele, o cavalo não chegou a ser resgatado por ninguém, já que o próprio tutor o ajudou a levantar e seguiu viagem.

“Quando acionamos a Guarda Municipal, eles já tinham ido embora”, contou Lucas.

A Guarda Municipal não localizou o tutor do animal. A corporação formulou uma denúncia crime, solicitando à Polícia Civil a abertura de um inquérito policial.

Polêmica

Em janeiro de 2021, uma nova lei, de número 11.285, que põe fim às carroças puxadas por animais em Belo Horizonte, foi sancionada pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD). De acordo com a publicação, a substituição gradual por veículos de tração motorizada deve ser concluída no prazo máximo de 10 anos.

Enquanto isso, a prefeitura deve cadastrar e emplacar as carroças, além de fiscalizar e aplicar multas quando necessário.

Duas propostas de alteração tramitam na Câmara Municipal de BH. A emenda 1, assinada por Pedro Patrus (PT), inclui no projeto dispositivo segundo o qual a proibição só poderá ter efeito quando não houver pessoa e família dependente financeiramente da atividade exercida por veículos de tração animal.

Já a emenda 2, proposta por Bruno Pedralva (PT), Cida Falabella (Psol), Iza Lourença (Psol) e Pedro Patrus, estipula que a proibição fica condicionada “à consulta prévia livre e informada à comunidade tradicional carroceira, nos termos da Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho”. Para serem aprovados em Plenário, as emendas dependem do aval de pelo menos 21 dos 41 parlamentares.

O que dizem os carroceiros e a prefeitura

Para o tesoureiro da Associação de Carroceiros e Carroceiras de Belo Horizonte e Região Metropolitana, Maxwell Moreira, é preciso que as Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes (URPVs), que recebem entulhos e outros materiais transportados, tenham água disponível e locais cobertos para os cavalos descansarem.

“Isso ajudaria muito. Eu acho que é necessário, não é só jogar a culpa em cima do carroceiro”, afirmou Maxwell.

Em relação à lei que proíbe carroças puxadas por animais em BH, Maxwell disse que nada tem sido feito com o objetivo de substituir os veículos por outros de tração motorizada.

“Vai substituir como? Eles não ofereceram nada, não tem nada que eles consigam fazer. […] Cada um vai ter que se virar do seu jeito, mas nós não vamos parar”, disse.

Já a subsecretária Municipal de Meio Ambiente, Maria Clara Rêgo, afirmou que o problema não são as URPVs, e sim o trabalho exaustivo a que os cavalos são expostos.

“Muitas vezes colocam cavalos para carregar sobrepeso, às vezes correspondente a duas vezes o peso do animal”, afirmou.

Segundo a subsecretária, o objetivo da pasta é adquirir um caminhão para o resgate dos animais em caso de denúncias de maus-tratos. Ela garantiu também que a prefeitura vai ajudar os carroceiros na transição para outros veículos.

“A prefeitura vai disponibilizar ferramentas para que carroceiros não fiquem sem trabalho. Mas a gente precisa de esforços deles também, porque não vai ter a opção de ficar do jeito que está”, disse.

Fonte: G1

    Você viu?

    Ir para o topo