Um burro explorado para puxar carroça no interior de Minas Gerais foi aposentado graças ao empenho das vereadoras de Leopoldina Inesinha (PL) e Elileia Santos (PSL). Forçado pela administração municipal a puxar carroça para transportar lixo na zona rural, o animal passará a curtir sua aposentadoria, conforme anunciado por Elileia nas redes sociais.
De acordo com a parlamentar, a decisão de aposentar o burro veio após uma reunião com Inesinha e o prefeito Augusto Junqueira (PL). “O prefeito Pedro Augusto Junqueira Ferraz na mesma hora atendeu nosso pedido, além de ter nos informado o interesse dele em lutar junto com a gente em favor da causa animal”, informou.
Até o momento, o burro permanece no Distrito de Providência, onde foi forçado a puxar carroça por anos. Ele aguarda a finalização das obras de sua baia. Construído de maneira adequada, o local servirá de abrigo para o animal e estará localizado ao lado do canil municipal.
“O burro irá passar por consultas veterinárias para averiguar os problemas causados pela idade e trabalho e terá os próximos anos de vida dignos e calmos. Ficará o dia todo pastando e à noite os meninos do canil, antes de irem embora o deixarão na baia nova. Essa será a rotina dele”, explicou a vereadora.
A concordância do prefeito com a sugestão de aposentar o burro mostra a importância da causa animal, que tem crescido cada vez mais, conscientizando a sociedade acerca da necessidade de garantir direitos aos animais e de parar de explorá-los em prol dos interesses humanos.
Tração animal: exploração e tortura
Vistos pelos humanos como seres nascidos para serem explorados em prol dos interesses da sociedade, cavalos e burros são frequentemente tratados como máquinas. Forçados a puxar veículos de tração animal, eles vivem vidas miseráveis. Muitos sofrem maus-tratos constantes, incluindo agressões e privação de cuidados adequados.
Encontrar esses animais soltos em vias públicas, correndo risco de atropelamento, não é raro. Omissos com a tutela desses seres vivos, os tutores que buscam facilidades e se esquivam de trabalho, não querem mais nada além de forçar cavalos e burros a carregar cargas e transportar pessoas. Por isso, é comum que não exista preocupação com uma alimentação adequada, tampouco com a necessidade de mantê-los em um local confortável e que não os submeta a riscos.
Estudos comprovam que o peso de uma única pessoa sobre a coluna de um cavalo pode ser suficiente para prejudicar sua coluna – que dirá as cargas excessivas que esses animais são obrigados a transportar. O freio colocado na boca dos cavalos também gera feridas na língua desses animais e, ao serem puxados pela corda presa ao freio, eles sentem dor.
A vida na natureza, com outros animais, não faz parte da rotina da maior parte desses cavalos e burros. Isso porque até mesmo os que são criados na zona rural passam a maior parte do tempo puxando carroças, sem poder desfrutar da própria vida. Pastar livremente, dormir, interagir com outros animais, livres de celas, peso, incômodos e dores pode parecer pouco para humanos que consideram inútil respeitar o instinto de um animal. No entanto, as atividades executadas por conta própria definem quem são os cavalos, burros e quaisquer outros animais e devem ser respeitadas como o que são: a essência de cada um deles.
Nenhum animal nasce para atender às demandas humanas. Eles existem por propósitos próprios. Mas a humanidade só será capaz de entender isso quando aceitar que humanos não são superiores e não podem controlar, subjugar, maltratar, explorar e matar animais por terem interesses por trás dessas ações. Cada animal é uma vida e deve respeitado como sujeito de direitos – dentre eles, o direito de ser quem se é sem ser visto como um objeto à serviço dos seres humanos.