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LUTO

Brigitte Bardot morre aos 91 anos e deixa legado marcante na luta pelos direitos animais

Após abandonar o cinema ainda no auge da fama, a francesa dedicou mais de cinco décadas à militância animal, criou uma fundação ativa internacionalmente e influenciou debates políticos e culturais sobre exploração e crueldade contra outras espécies.

28 de dezembro de 2025
Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: GETTY IMAGES

A atriz, modelo e ativista Brigitte Bardot morreu hoje (28/12) aos 91 anos deixando um legado que ultrapassa o cinema e se impõe, sobretudo, no campo da defesa dos direitos animais. Embora tenha se tornado um dos rostos mais conhecidos do século 20 nas telas francesas e internacionais, foi fora delas que construiu a atuação mais duradoura e concreta de sua vida pública.

A decisão de abandonar o cinema em 1973, quando ainda era uma das atrizes mais populares da Europa, marcou uma ruptura definitiva com a indústria cultural. A partir daquele momento, Bardot passou a dedicar tempo, recursos e visibilidade à proteção de animais submetidos a exploração, violência e abandono. A causa, segundo ela própria afirmou em diversas ocasiões, não era um gesto tardio, mas uma convicção que a acompanhava desde a infância.

A criação da Fundação Brigitte Bardot consolidou esse compromisso em ações práticas. A instituição passou a atuar no resgate de animais, no acolhimento de indivíduos vítimas de maus-tratos e na pressão por mudanças legislativas na França e em outros países. Bardot se posicionou publicamente contra práticas amplamente aceitas, como a caça esportiva, as touradas, o consumo de carne de cavalo e o uso de animais em experimentos científicos. Em vez de buscar consensos, assumiu o confronto direto com governos, setores econômicos e tradições culturais.

Foto: GETTY IMAGES

Sua militância ajudou a deslocar o debate sobre animais do campo da sensibilidade individual para o da responsabilidade coletiva. Ao associar sofrimento animal a escolhas políticas e econômicas, Bardot contribuiu para ampliar a percepção pública de que a violência contra outras espécies não é um dado natural, mas resultado de decisões humanas sustentadas por conveniência e lucro.

Em diferentes entrevistas e livros, Brigitte Bardot afirmou que a militância em defesa dos animais foi decisiva para sua sobrevivência emocional após décadas de exposição intensa, declarando que o ativismo a salvou e que se sentia mais próxima dos animais do que dos humanos, defendendo a ideia de um “futuro comum” entre todas as espécies.

Nos últimos anos, a saúde da atriz inspirava cuidados, embora ela mantivesse uma vida reservada e distante da imprensa. Bardot vivia entre Saint-Tropez e o interior da França, onde abrigava animais e evitava qualquer forma de exposição pública. Declarava não utilizar celular nem computador e raramente recebia visitas. Em 2023, apresentou episódios de dificuldade respiratória e foi atendida em casa por equipes médicas. No ano seguinte, em outubro de 2024, passou por uma internação em Toulon para uma cirurgia considerada simples. Teve alta poucos dias depois e retornou para casa, onde se recuperava longe dos holofotes.

A morte de Brigitte Bardot foi confirmada pela Fundação Brigitte Bardot. Em nota, a instituição afirmou que Bardot era “atriz e cantora de renome mundial, que optou por abandonar sua prestigiada carreira para dedicar sua vida e energia ao bem-estar animal e à sua fundação”. As causas da morte não foram divulgadas até a última atualização.

A repercussão foi imediata na França. O presidente Emmanuel Macron lamentou a perda e ressaltou o impacto simbólico de Bardot para o país. Em declaração pública, afirmou que ela encarnou uma vida de liberdade e destacou sua paixão pela causa animal como parte central de seu legado.

“Seus filmes, sua voz, sua fama deslumbrante, suas iniciais, suas tristezas, sua generosa paixão pelos animais, seu rosto tornaram a atriz numa vida de liberdade, uma existência francesa, um brilho universal. Ela nos tocou. Lamentamos a perda de uma lenda do século”, declarou Macron.

A morte de Brigitte Bardot encerra a trajetória de uma mulher complexa, marcada por contradições e controvérsias, mas também por uma dedicação rara aos direitos animais, comumente desvalorizados.

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