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Babuínos famintos precisam roubar comida para sobreviver na África do Sul

26 de setembro de 2013
4 min. de leitura
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Por Marília Paixão (da Redação)

Famintos, estão em busca de alimentos
Famintos, estão em busca de alimentos.

Em uma batalha forjada pela intervenção humana na natureza, babuínos e moradores da Cidade do Cabo entram em conflito pela busca de espaço. Para os babuínos, isso significa entrar nos prédios como se participassem de uma missão especial da polícia, abrir janelas e pegar a comida dos apartamentos. Para os humanos, as melhores armas – levando em conta que o inimigo é uma espécie protegida – costumam ser pistolas de paintball e spray de pimenta. Eles espantam os babuínos por algum tempo, mas a fome sempre os traz de volta. As informações são do Daily Mail.

Como mostram as fotos, essas cenas afetam a vida na Cidade do Cabo, África do Sul, com frequência, fazendo com que homem e macaco nem sempre convivam em harmonia. Considerados uma espécie protegida na Península do Cabo desde 1999, os babuínos somam cerca de 500 e vivem em 16 grupos, expulsos de seu antigo habitat nativo pelo crescimento da cidade. A fim de sobreviver, eles vasculham lixeiras, passam algum tempo em lixões, roubam lojas e supermercados e perambulam por áreas de picnic.

Enquanto algumas pessoas não estão nem aí para seus vizinhos famintos e até deixam comida para eles, outras ficam furiosas só de pensar neles. Uma mulher grita para dois babuínos sentados no telhado de sua casa comendo pedaços de pão, “Ninguém entende o que está acontecendo! É um pesadelo total”, ela conta que um babuíno tomou as compras da mão de sua filha outro dia. “Ela está muito traumatizada. Não podemos nem sair de casa e ninguém faz nada.” Outro vizinho também tenta espantá-los sem sucesso. “Eu os odeio”, ele diz.

Os famintos animais entram nas casas em busca de comida, que não mais consegue por terem sido expulsos de seu habitat natural.

O gerente de um vinhedo, Jean Naude, reclama a perda de vinhos e uvas que sofre todos os anos graças a 40 babuínos que ele não consegue deter – a menos que instale cercas no local todo. “Estamos lidando com uma bomba-relógio. Algo tem que ser feito”, ele diz. “Na primavera eles comem os brotos; no verão, as uvas. Se as autoridades de proteção ambiental permitissem, nós atiraríamos em todos eles”.

Alguns moradores se tornaram agressivos com os babuínos.
Alguns moradores se tornaram agressivos com os babuínos.

Mas muitos admiram a ingenuidade dos babuínos e estão preparados para conviver em harmonia com os clientes de nunca pagam. Num pequeno mercado, um babuíno chamado Quandi aparece uma ou duas vezes por semana. “Ele vai direto para as frutas e pega alguns quilos de banana”, conta a gerente. “Então, ele corre para as batatas fritas. Acho que ele prefere as de queijo e cebola”. Enquanto ela fala, um macaco entra como quem não quer nada, apanha um saco de uns 2,5 kg de maçãs, sai e dirige-se a um gramado próximo, onde começa a comê-las enquanto encara os olhares invejosos dos outros membros do grupo.

A Especialista em comportamento animal Rachel Noser, que estudos as colônias na Cidade do Cabo por 16 meses, afirma “os babuínos não tem intenção de machucar as pessoas. Eles apenas querem comida de qualidade no menor tempo possível. Então, se você esquecer a porta aberta, eles sentirão o cheiro da comida e entrarão. É mais fácil do que ter que andar quilômetros e eles também não correm o risco de serem comidos por um leão ou uma onça”.

A cidade gasta centenas de milhares de libras em esquemas de monitoramento dos babuínos, incluindo um grupo de guardas-florestais e uma central de atendimento por telefone. Apesar da matança desses animais ser crime, dezenas deles são machucados ou mortos todo ano – alguns em acidentes, mas outros atacados de forma brutal por pessoas que os pegam “explorando” suas casas e estabelecimentos.

Outro foram assassinados pelas autoridades por serem um “problema recorrente”. Jenni Trethowan, chamada de A Mulher-babuíno devido ao seu apoio aos animais por meio da organização Baboon Matters Trust, diz que que as autoridades estão agindo de forma exagerada. “Os homens e os macacos interagiram por centenas de ano na península”, ela afirma. “Fotos da década de 1950 mostram pessoas sorridentes com babuínos sentados em seus carros, e cartas descrevem picnics no local – com babuínos malandros roubando sanduíches. O que mudou desde então? Parece que apenas nossa atitude. Agora vivemos com medo da lei, preocupados com a segurança – e esquecemos que violência gera violência, esquecemos que nossa atitude é a influência mais importante. Os que tratam os babuínos com respeito e compreensão, tomando as devidas precauções para minimizar a interação, parecem ter menos problemas; mas os que ficam furiosos e atiram não consegue muita coisa e com certeza não resolvem o problema”.

Nota da Redação: A reação agressiva de alguns moradores, que veem esses babuínos como ladrões, esquece que, primeiramente, seu habitat foi parcialmente destruído. Os babuínos estão famintos e não têm outra escolha. Os ditos “roubos” são tentativas de sobrevivência num ambiente degradado pela intervenção humana, sem comida e com os perigos de seus predadores.

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