A ameaça à maravilha natural da Austrália é detalhada na primeira avaliação global dos impactos das mudanças climáticas sobre os recifes.
O estudo foi divulgado apenas um mês antes de o Comitê do Patrimônio Mundial se reunir na Polônia para refletir sobre a condição da Grande Barreira de Corais e a eficácia de um plano de gestão apresentado por Queensland e por governos federais para protegê-la.
“As crescentes temperaturas do oceano nos últimos três anos submeteram 21 dos 29 recifes do Patrimônio Mundial ao severo e/ou contínuo estresse térmico severo e acarretaram alguns dos piores branqueamentos já observados em lugares icônicos como a Grande Barreira de Corais”, diz o documento.
“A análise prevê que todos os 29 locais do Patrimônio Mundial que contêm corais deixariam de existir como ecossistemas funcionais de recifes até o final deste século em um cenário das emissões recorrentes de sempre”, acrescenta.
O relatório faz um apelo para que todos os países com recifes do Patrimônio Mundial ajam para diminuir as emissões líquidas de gases de efeito estufa para zero, com o intuito de salvá-los, segundo o The Courier Mail.
No cenário atual, a avaliação prevê que o aquecimento global aumentará a temperatura em 4,3ºC até 2100.
Nesse contexto, a Grande Barreira de Corais sofreria sérios branqueamentos, em um ritmo de duas vezes por década até 2035 – “uma frequência que rapidamente matará a maioria dos corais presentes e impedirá a reprodução bem-sucedida, necessária para a recuperação de corais”.
A porta-voz da Australian Marine Conservation Society, Imogen Zethoven, disse que a Grande Barreira de Corais e outros recifes do Patrimônio Mundial estavam em grave perigo por causa das mudanças climáticas impulsionadas pela queima de carvão.
“Ainda assim, o governo australiano parece empenhado em piorar o problema, avançando com a monstruosa mina de carvão de Adani (planejada para o centro de Queensland), discutindo sobre uma central de carvão ao lado da Grande Barreira e não fazendo sua parte na redução da poluição global”, disse ela.
“O governo australiano não está apenas colocando nossa Grande Barreira de Corais e os 70 mil postos de trabalho que dependem dela em grave risco, como está colocando em perigo o futuro dos recifes de corais do Patrimônio Mundial em todo o mundo. A maioria dos australianos acredita que a condição do nosso recife é uma emergência nacional, mas o governo australiano não se preocupa”, finalizou.