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SEM INVESTIMENTO

Percentual da verba de pesquisa dedicada aos oceanos é 98% menor no Brasil do que a média mundial, apontam dados da Unesco

Segundo o chefe da Seção de Ciências do Oceano da UNESCO, Henrik Enevoldsen, o relatório pode ajudar a estimular países com investimentos mais baixos a aumentar seus esforços em ciência oceânica

11 de julho de 2022
3 min. de leitura
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Exposição no Museu Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). Foto: Marcos Santos | USP

Os recursos dedicados aos estudos do oceano no Brasil correspondem a apenas 0,03% dos gastos totais em pesquisa no país, mostrou um relatório da Unesco divulgado nesta sexta-feira (1º) em Lisboa.

O documento, publicado durante a Conferência do Oceano da Organização das Nações Unidas (ONU), revelou que, em média, 1,7% dos recursos nacionais de pesquisas nos países analisados são gastos com ciências do oceano. No Brasil, este percentual é 98% menor do que a média.

Segundo o chefe da Seção de Ciências do Oceano da UNESCO, Henrik Enevoldsen, o relatório pode ajudar a estimular países com investimentos mais baixos a aumentar seus esforços em ciência oceânica. Para ele, a média mundial pode ser considerada “muito, muito pequena”.

“Nós temos um investimento médio em ciência oceânica de cerca de 1,7% do investimento total em pesquisa, então é uma porcentagem muito, muito pequena. Ao destacar isso no relatório, e ao permitir que os países vejam onde estão em comparação com outros, apresentando os desafios que temos pela frente, nós esperamos que isso estimule discussões locais sobre se esse investimento é suficiente”, afirmou Enevoldsen.

Durante a divulgação do relatório, o chefe de Política Marinha e Coordenação Regional da Unesco, Julian Barbière, disse esperar que os investimentos dos setores privado e filantrópico em pesquisa do oceano também aumentem nos próximos anos.

“O relatório também é para mostrar os benefícios desses investimentos, prestando serviços sólidos à economia nacional e ao desenvolvimento sustentável. Esta é uma discussão que também estamos tentando ampliar para além dos governos. Por exemplo, a filantropia começou a desempenhar um papel muito mais importante, e precisamos também do setor privado”, declarou o porta-voz.

Foto: Marcos Serra Lima | G1

O estudo da Unesco também analisou o número de pesquisadores focados em ciências do oceano a cada 1 milhão de habitantes. Neste indicador, o Brasil também é um dos piores da lista: há menos de 10 cientistas dedicados a este tema a cada 1 milhão de habitantes no país, menos do que em países como Suriname e Benin. Nos países que lideram a lista, como Noruega, Portugal e Suécia, o número chega a 300 a cada milhão de habitantes.

Apesar disso, o Brasil é um dos que têm melhor representatividade feminina no setor de pesquisas oceânicas: no país, mais de 50% dos pesquisadores desta área são mulheres.

Conferência do Oceano

Responsável por cobrir mais de 70% da área do planeta, o oceano é essencial para a manutenção da vida na Terra, mas sua saúde está em perigo – este alerta é o principal foco da Conferência do Oceano da ONU, que ocorre em Portugal até esta sexta (1º).

O evento reúne delegações de diversos países para promover o desenvolvimento de ações concretas, tanto de países como de instituições privadas, para que as metas da Agenda 2030, também conhecidas como Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), sejam atingidas. No caso do oceano, trata-se do ODS 14, Vida no Mar, que inclui compromissos como a de reduzir significativamente a poluição marinha até 2025.

Conferência do Oceano da ONU, em Lisboa, Portugal. Foto: Patrícia Figueiredo | g1

Além de fornecer alimento e trabalho, o oceano também tem um papel fundamental na regulação climática do planeta: é ele que garante que a temperatura da Terra fique em níveis adequados para a sobrevivência de diversas espécies, inclusive o homem.

Mas, por conta da ação humana, os mares têm sofrido diversos desafios, que passam pelo aumento da poluição, causada principalmente por plásticos, e também pela elevação da acidez da água, provocada pela alta nas emissões de carbono na atmosfera.

Fonte: G1

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