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AMBIENTE MARINHO

Cientistas franceses examinam a reação dos corais de água fria às mudanças climáticas

Para isso, os especialistas a bordo do "Thalassa" contaram com a ajuda de um submarino chamado "Victor", de cinco toneladas e capaz de descer 6.000 metros de profundidade

5 de setembro de 2022
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pexels

O navio francês “Thalassa” chega no porto de Brest, noroeste do país, com uma carga especialmente delicada: tanques sob pressão contendo corais com água fria.

O objetivo da missão científica é observar a reação desses corais às mudanças climáticas e o aumento da temperatura dos mares.

As duas semanas de pesca submarina no Golfo da Biscaia foram bem sucedidas, e na quarta-feira (31), ao amanhecer, o “Thalassa” atracou no porto de Brest com espécimes vivas desses animais recolhidos em um desfiladeiro de 800 metros de profundidade.

Trata-se de Madrepora oculata, corais recolhidos e colocados imediatamente em caixas que permanecem com o mesmo nível de pressão, conhecidas como Abyss Box.

O local do estudo será o Oceanopolis de Brest, um aquário para o público e ao mesmo tempo um centro para o estudo do fundo do mar.

Os especialistas da missão ChEReef 2022 (“Characterization and Ecology of cold-water coral Reefs”) querem analisar “o impacto das mudanças climáticas no crescimento desses corais”, explica Dominique Barthélémy, curador do centro científico.

“Os corais de água fria exercem uma função importante para todo o sistema profundo. São inúmeras espécimes que se alimentam deles e retém carbono”, explica Lenaick Menot, especialista de ecologia da zona bentônica, o ambiente marinho, do Instituto de Investigação para a Exploração do Mar (Ifremer) e corresponsável pela campanha de pesca.

Esses corais estão ameaçados pela pesca e “provavelmente pelas mudanças climáticas”, indica Menot.

– Grandes precauções 

Os peritos descem as quinze caixas do navio com grandes precauções.

“O oceano retém o CO2 atmosférico, que acidifica a água do mar e impede que os corais segreguem seu esqueleto calcário”, que tende a se dissolver.

Preservar as condições originais do habitat desses delicados animais é primordial para o sucesso da missão.

Para isso, os especialistas a bordo do “Thalassa” contaram com a ajuda de um submarino chamado “Victor”, de cinco toneladas e capaz de descer 6.000 metros de profundidade.

O submarino é pilotado a partir da superfície por meio de um cabo. Seus braços mecânicos, controlados com a ajuda de câmeras, coletavam com cuidado os corais, para depositá-los na Abyss Box, que reproduzem as condições de vida dos animais a 100 bar (100 quilogramas por centímetro quadrado) e temperatura de 10ºC.

É a primeira vez que uma experiência nessas condições é realizada, ressaltam os cientistas.

Depois, os corais serão cortados e colocados em novos tanques sob pressão, no tamanho de um pequeno extintor.

“Vamos submetê-los a dois tipos de cenários, um aumento de 2ºC na temperatura e uma acidificação de 0,2 unidade da água, conforme previsto pelos modelos de mudança climática entre os dias de hoje e 2100”, explica Menot.

Os tanques serão submetidos a correntes como se fosse o fundo do mar. Se os corais começarem a descer em busca de água mais fria, isso demonstrará que a mudança climática poderia afetar sua sobrevivência, assegura esse especialista.

“Um desses tanques será exposto ao público”, conta Dominique Barthélémy. “Faz parte da campanha de conscientização pública”, acrescenta o curador.

Fonte: Uol

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