Os reservatórios de água criados por represamento de rios podem ter impactos significativos no ciclo do carbono e no sistema climático do mundo que não têm sido considerados, concluiu um novo estudo.
A pesquisa, realizada por pesquisadores da University of Waterloo e Université libre de Bruxelles, foi divulgada na Nature Communications. Foi descoberto que reservatórios de barragens artificiais capturam cerca de um quinto do carbono orgânico que se move da terra para o oceano por meio de rios em todo o mundo.
Enquanto eles podem agir como uma fonte significativa ou dissipadora de dióxido de carbono, os reservatórios são pobremente representados nos modelos atuais de mudança climática.
“As represas não possuem somente impactos ambientais locais, é claro que desempenham um papel fundamental no ciclo global do carbono e, portanto, no clima da Terra. Para previsões climáticas mais precisas, precisamos compreender melhor o impacto dos reservatórios”, disse Philippe Van Cappellen, presidente da Canada Excellence Research em Ecohydrology em Waterloo e co-autor do estudo .
Atualmente, existem mais de 70 mil grandes represas em todo o mundo. Com a construção contínua de novas represas, mais de 90% dos rios do mundo serão fragmentados por pelo menos uma delas nos próximos 15 anos, segundo o Phys.
Os pesquisadores do estudo usaram um novo método para determinar o que acontece com o carbono orgânico que percorre os rios e foram capazes de capturar o impacto de mais de 70% dos reservatórios artificiais do mundo em volume.
O modelo relaciona parâmetros físicos conhecidos como o fluxo de água e o tamanho do reservatório com processos que determinam o destino do carbono orgânico nos rios analisados.
“Com o modelo usado neste estudo, podemos quantificar e prever melhor como as represas afetam as trocas de carbono em uma escala global “, disse Van Cappellen, professor do Departamento de Ciências da Terra e do Meio Ambiente de Waterloo.
Em estudos recentes similares, o grupo de pesquisadores também descobriu que a construção atual de represas impede o transporte de nutrientes como fósforo, nitrogênio e silício por meio das redes de rios.
As mudanças no fluxo de nutrientes têm impactos globais sobre a qualidade da água de áreas úmidas, lagos, várzeas e áreas marinhas costeiras.
“Cada vez que construímos uma represa estamos aumentando o número de lagos artificiais. Isso provoca mudanças no fluxo de água e nos materiais que transporta, incluindo nutrientes e carbono”, explicou Taylor Maavara, autor principal e estudante de doutorado em Waterloo.