A desflorestação, a poluição e a superexploração dos recursos naturais, estão no topo da lista dos excessos humanos que provocam a destruição dos habitats, afirma Truong Q. Nguyen, da Academia de Ciência e Tecnologia do Vietname, que assinou o prefácio das conclusões do WWF.
Mark Wright, diretor de ciência do WWF-UK reitera que enquanto este novo relatório nos lembra da “extraordinária diversidade e inventividade da natureza”, também serve como um “lembrete oportuno do perigo extremo que tantas dessas espécies e habitats enfrentam, e o risco que corremos em perdê-las se não houver uma ação urgente em sua defesa”.
“Sexta extinção em massa ”, desta vez impulsionado pelos humanos
No mesmo dia que são conhecidas quase 400 novas espécies, um estudo lançado na revista Biological Reviews, também na segunda-feira, afirma que a “perda global de vida selvagem é significativamente mais alarmante do que se pensava”.
Os autores do estudo analisaram mais de “70.000 espécies em todo o mundo”. Procuraram determinar como as populações desses mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e insetos cresceram, encolheram ou permaneceram estáveis ao longo do tempo.
Descobriram que “48 por cento dessas espécies estão a diminuir em tamanho populacional”. Apenas três por cento dessas populações cresceram.
Daniel Pincheira-Donoso, da Escola de Ciências Biológicas da Queen’s University Belfast, coautor do estudo, descreve estas descobertas são um “alerta drástico”.
“Outros estudos, baseados em números consideravelmente menores de espécies, mostraram que a atual ‘crise de extinção’ é mais severa do que geralmente se pensa”, explicou o especialista à CNN. “As nossas descobertas fornecem uma confirmação absoluta em escala global”. O estudo fornece uma “imagem mais clara sobre a extensão da erosão global da biodiversidade”, acrescentou.
“O que nosso estudo mostra não é se as espécies estão atualmente classificadas como ameaçadas ou não, mas se o tamanho das suas populações está se tornando rápida e progressivamente menor ou não”, observa Pincheira-Donoso. “As tendências descendentes na população ao longo do tempo são um precursor das extinções” argumenta.
Se os peixes e répteis são as espécies que parecem ter populações estáveis, os mamíferos, pássaros e insetos apresentam declínios.
Porém, os anfíbios foram identificados como as espécies mais afetadas. De acordo com o relatório os anfíbios “enfrentam uma infinidade de ameaças, incluindo doenças e alterações climáticas”.
O estudo também destaque que “os animais nos trópicos são os mais sensíveis a mudanças rápidas devido às temperaturas ambientais”, avançou Pincheira-Donoso.
Brendan Godley, professor na Universidade de Exeter, no Reino Unido, dedica a vida académica ao estudo da conservação da natureza. Explica que esta investigação “ao combinar minuciosamente as trajetórias populacionais, em vez de avaliações mais limitadas da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, destaca a pressão que a vida selvagem sofre e está sob a influência humana e como isso é global entre os grupos de animais”.
Godley, que não participou no estudo, sublinha que “todos nós devemos ficar muito alarmados com estes resultados”. Deixa claro que “sem populações, espécies, habitats e ecossistemas prósperos, não podemos perdurar”.