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DESASTRE NUCLEAR

Japão vai despejar água da usina de Fukushima no oceano; há riscos?

25 de maio de 2023
Por Lucas Vinicius Santos
3 min. de leitura
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Em março de 2011, o terremoto mais poderoso registrado na história do Japão causou o desastre na central nuclear de Fukushima I, após interromper o fornecimento de eletricidade e colapsar três dos reatores em funcionamento — o evento causou a morte de mais de 18 mil pessoas. Agora, o país planeja liberar toneladas de água tratada recolhida na central nuclear para o oceano Pacífico.

Um total de 1,3 milhão de toneladas de água, usada no processo de resfriamento dos reatores de Fukushima, pode ser despejado no oceano pacífico — a quantidade está em mais de mil tanques e pode encher até 500 piscinas olímpicas. O problema é que os países vizinhos do Japão não estão muito contentes em saber que a “água contaminada” será derramada no oceano.

Além disso, como a usina foi construída no mesmo nível do lençol freático, um grande volume de água abaixo do solo continua sendo contaminado diariamente — todos os dias, ocorre a contaminação em 140 mil litros. Por isso, o governo japonês utiliza um processo chamado Sistema Avançado de Processamento de Líquido (ALPS) para realizar o tratamento necessário, que pode ser realizado diversas vezes até deixar a água nos padrões legais.

O processo de descontaminação da água não é capaz de remover o trítio, um elemento radioativo. Ao todo, é necessário esperar até 12 anos de meia vida para o trítio evaporar da água, contudo, o Japão despejará a água respeitando o padrão estabelecido pela Organização Mundial de Saúde, de até 10.000 Bq por litro — a água tratada da usina tem apenas 1.500 Bq por litro, então, está no padrão.

O acidente nuclear de Fukushima, em 2011, é considerado o pior desastre desde Chernobyl, afetando três dos seis reatores nucleares da usina.

“No momento em que o líquido for diluído com água do mar, os níveis de trítio estarão abaixo de 1.500 becquerels por litro, ou 1/40 do padrão do governo para descarga de água no meio ambiente”, disse o funcionário da Tepco, empresa que supervisiona a descontaminação e descomissionamento da central nuclear, Hikaru Kuroda.

Água contaminada no Oceano Pacífico?

Originalmente, a aprovação da liberação da água aconteceu há dois, contudo, as autoridades japonesas ainda estavam realizando o processo de tratamento da água e remoção dos elementos radioativos. Segundo as informações, a descarga de água no Oceano Pacífico deve ser realizada entre março e agosto deste ano.

“Levamos a sério as preocupações de outros países, e é por isso que estamos usando todas as oportunidades possíveis para explicar o plano de quitação a eles. Assumimos o compromisso de descartar a água sem prejudicar o meio ambiente ou a saúde humana. Descrever a água como contaminada é errôneo, pois implica que ela prejudicará o meio ambiente”, disse um funcionário do Ministério das Relações Exteriores, Ayako Ogino, em mensagem enviada ao The Guardian.

Enquanto os ambientalistas e organizações de países vizinhos têm medo da ação contaminar a água do oceano Pacífico, grupos da indústria e cientistas nucleares dizem que as águas residuais de outras usinas já realizaram processos semelhantes com impactos mínimos. O cientista de materiais nucleares Nigel Marks, da Universidade Curtin, na Austrália, afirma que o despejamento da água tratada é a coisa certa a se fazer, pois a diluição da água radioativa no oceano visa oferecer níveis seguros de radiação.

Fonte: Tecmundo

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