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A ciência não precisa de experimentação animal

26 de outubro de 2013
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Diante da reportagem veiculada pela Folha de São Paulo, intitulada “Levado de instituto, beagle Ricardinho corre risco, dizem cientistas”, muitos questionamentos podem ser levantados. Podemos afirmar que mais riscos corria o animal ao estar no Instituto Royal. A Insuficiência Renal (IR) pode ser tratada por qualquer outro médico veterinário, não existindo qualquer justificativa para que o animal seja devolvido para as mãos das pessoas que possivelmente foram as responsáveis por ele estar assim hoje. Além disso, que clareza haveria se o animal fosse devolvido? Nenhuma. É bem provável que o referido Instituto acobertasse tudo o que fez com esse animal, ano após ano, e, além disso, continuasse cometendo atrocidades com ele.

De fato, IR pode acarretar descalcificações, mas será que foi isso mesmo? E o que levou esse animal a desenvolver uma IR? Será que não foram os medicamentos excessivamente administrados durante toda a vida? Pergunto-me qual é a razão para um Instituto que tem como raiz a desconsideração a qualquer vida animal querer, agora, salvar o Ricardinho. Não seria, no mínimo, curioso?

Vamos aguardar o laudo expedido pelo médico veterinário que fará a cirurgia nesse animal e, então, confirmar que toda essa situação pela qual passa o Ricardinho faz parte de um show de horrores praticado diariamente por pessoas que não têm o menor respeito pela vida dos animais e para as quais estes não passam de produtos. Infelizmente impera ainda a visão cartesiana, a propagação dos “animais máquinas”, tidos como incapazes de sentir dor e, para esses seres humanos, a quem tudo é permitido, fica o nosso repúdio e a sensação de que vencemos diariamente com os nossos atos em busca de justiça.

Para os que ainda acreditam que a experimentação animal é necessária, aconselho que leiam outras fontes e conheçam os argumentos de quem luta contra esse modelo. Até que ponto é válido sacrificar camundongos, cães, gatos, primatas e outras espécies? E até que ponto resultados podem ser seguramente extrapolados para seres humanos? Será que uma droga testada em um camundongo é segura para mim? E será que o que é seguro para mim é também seguro para outro ser humano? Casos como o da talidomida mostram que estamos sempre experimentando em nós mesmos cada medicamento utilizado e, além disso, existem testes sem o uso de animais que possuem um bom valor preditivo.

O avanço tecnológico está em nossas mãos diariamente nos computadores, simuladores, telefones celulares, mas o que faz a humanidade continuar com esses métodos arcaicos e não investir massivamente em formas de experimentação que não incluam o sacrifício animal? A resposta é que o tradicionalismo e os interesses financeiros acabam propagando a ideia de que não há ciência sem experimentação animal. Não se enganem: a experimentação animal faz parte de uma indústria repleta de interesses e, sobretudo, de dinheiro.

Fica essa reflexão e o desejo de que as pessoas busquem outras fontes de informação, a exemplo de documentários, como o “Não Matarás” (Instituto Nina Rosa), e livros como os publicados pelos também e verdadeiramente cientistas Sonia Felipe (Ética e Experimentação Animal: fundamentos abolicionistas), Sérgio Greif e Thales Tréz (A Verdadeira Face da Experimentação Animal), e Ray Greek (Why Experiments on Animals Harm Humans (Ciência das Espécies: Por que Experimentos com Animais Prejudicam os Humanos); FAQs About the Use of Animals in Science: A Handbook for the Scientifically Perplexed (Perguntas e Respostas Sobre o Uso de Animais na Ciência: Um Manual Para os Cientificamente Perplexos).

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