O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) aplicou uma multa no valor de R$ 105 mil contra a “ambientalista” e pecuarista Beatriz Rondon, por caça de animais silvestres no Pantanal do Mato Grosso do Sul. A “ambientalista” foi flagrada participando de um safári promovidos para caçar onças em um vídeo enviado para a Polícia Federal por um estrangeiro mostra como eram os safáris, promovidos para caçar onças na região. Imagens enviadas à Polícia Federal (PF) por um estrangeiro mostram um grupo de caçadores, acompanhados de cães, atirando nos animais. Os pacotes para os safáris eram vendidos no exterior como atração turística.
Nas imagens, Beatriz Rondon aparece dizendo que uma das onças abatidas havia atacado o gado dela. Na noite de quinta-feira, a PF apreendeu na propriedade da pecuarista material usado nos safáris, além de crânios de onças e pele de uma sucuri. O valor da multa foi decidido após uma perícia nas partes desses animais.
As cenas do vídeo são chocantes. Elas mostram caçadores atirando nos animais, uma onça parda e outra pintada. Também mostram diversos cães ao redor de uma onça pintada abatida. Os caçadores usam espingardas e carabinas. Numa das cenas, os caçadores atiram em uma onça que está sobre uma árvore. Em outra imagem, uma onça pintada também é atingida numa árvore e cai. Os animais são abatidos sem ter esboçado qualquer tipo de ataque aos caçadores.
O vídeo, anexado ao inquérito que investiga as caçadas ilegais, deu início início às operações da PF em conjunto com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama/MS) para combater esse tipo de atividade.
Na última quinta-feira, os policiais apreenderam várias partes de animais, armas e centenas de munições, além de objetos usados para caçar onças. O material – utilizado em safáris ilegais – estava na fazenda Santa Sofia, localizada nas proximidades de Aquidauana, no Panatanal, a 130 km de Corumbá. A dona da propriedade, a pecuarista e “ambientalista” Beatriz Rondon, não foi indiciada. As investigações continuam.
Na propriedade foram apreendidas 12 galhadas (espécie de chifre) de cervo, dois crânios de onça, uma mandíbula de porco monteiro, uma pele de sucuri com 3,5 metros, cinco revólveres calibre 38, uma pistola 357, uma carabina, dois fuzis, 17 caixas de munição de diversos calibres, dois alforjes (um tipo de bolsa muito usado pelos caçadores), além de dois tubos de um instrumento de sopro que simulam o esturro, que serve para atrair onças.
Os detalhes da operação foram divulgados nesta sexta-feira pelo superintendente do Ibama, David Lourenço. Segundo ele, ninguém foi preso ou autuado ainda, porque não houve flagrante e o Ibama aguarda a perícia dos materiais para definir o tipo de punição a ser aplicada. Os crânios de onças foram levados para serem periciados na Embrapa Pantanal (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). A multa é de R$ 5 mil por animal abatido, mas neste caso, se for confirmada que o dono da fazenda cobrava pacotes turísticos que incluia a caça de animais silvestres, o valor pode der dobrado.
Segundo o superintendente do Ibama, as investigações apontam que turistas estrangeiros pagavam de US$ 30 mil a US$ 40 mil para praticar a caça na propriedade pantaneira. Nesse valor estão incluídos passagens aéreas, hospedagem e alimentação, além de armas e munições usadas na caça.
– A propriedade também funcionava como uma pousada – diz o delegado Alexandre do Nascimento.
De acordo com o superintendente, as investigações na fazenda começaram depois que a PF recebeu de um norte-americano um vídeo que mostra vários turistas abatendo animais.
– Isso é uma evidência clara de que os safáris eram feitos em Mato Grosso do Sul e por isso precisam ser investigados mais profundamente – afirmou Lourenço.
No vídeo, também aparece participando do safári Marco Antonio Moraes de Melo, o Tonho da Onça. No Pantanal, ele é famoso por ser o maior caçador de onças da região. Há anos, ele ficou conhecido na mídia nacional como sendo exemplo de homem que se converteu de caçador a um grande defensor dos animais. Nas reportagens, ele apareceu participando de projetos de proteção aos felinos.
Na Operação Jaguar I, realizada em julho do ano passado pela PF e Ibama, quatro pessoas foram presas acusadas de realizar a matança de animais em extinção no Pantanal. Tonho da Onça escapou da ação e desde aquela época é considerado foragido, por estar com mandado de prisão expedido pela Justiça. Na gravação recebida pela PF, a data que aparece é 2004, portanto, bem antes da Operação Jaguar I.
O advogado da ambientalista, Renê Siufi, disse que as armas localizadas na propriedade são todas legalizadas e que Beatriz não ‘tem interesse em matar onças e nem permitir que se faça esse tipo de atividade’.
Fonte: O Globo
Nota da Redação: O crime realmente compensa, enquanto os matadores cobravam 40 mil dólares por safári, cada animal assassinado custa para eles apenas cinco mil reais. Ou as leis mudam ou criminosos continuarão agindo. Eles teriam que pagar milhões de reais e irem para cadeia.