Uma matança silenciosa prossegue no Limpopo, na fronteira entre Moçambique e a África do Sul, em resultado da caça ao rinoceronte: centenas de moçambicanos terão sido mortos pelos guardas sul-africanos e o animal está quase extinto.
Depois ter enterrado o seu irmão, morto no parque Kruger, emboscado pelos “rangers” sul-africanos, Lucas Carlos não encontra palavras para descrever o que aconteceu.
“Recebi a informação de que foi baleado [seu irmão] e tentei procurar como é que podia ir lá”, buscar o cadáver, “porque diziam que iam deitar o corpo fora”, disse, a custo, garantindo desconhecer que o seu irmão se dedicava à caça de rinocerontes.
“Não sabia, ele nunca falou nisso”, afiança Carlos, um moçambicano desempregado, com 23 anos, que vive em Magude, um distrito no sul de Moçambique de fronteira com a vedação do Parque Kruger e conhecido ponto de encontro dos caçadores que estão a extinguir o rinoceronte.
Depois de terem praticamente morto a espécie no moçambicano Parque Nacional do Limpopo (PNL), os caçadores passaram para o vizinho Kruger e os seus efeitos fizeram disparar os alertas na África do Sul, que criou uma força especial para pôr por cobro à “invasão”, com o lema “Disparar para matar”.
Segundo uma contagem feita pelo diário O País, de Maputo, nos últimos três anos terão sido mortos 300 moçambicanos pelos guardas do Kruger, números que não foram contestados pelas diversas fontes contactadas pela Lusa.
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: TSF