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CONSEQUÊNCIAS

Mudanças climáticas ameaçam 1 bilhão de crianças nos próximos 10 anos, alerta ONG

Mais de um terço das crianças do mundo (820 milhões) já estão altamente expostas à ondas de calor, enquanto mais de uma em cada seis (400 milhões) crianças estão expostas a ciclones

25 de outubro de 2022
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Foto: Ilustração | Pexels

A organização internacional de direitos das crianças KidsRights lançou nesta quarta-feira (19), o seu relatório anual indicando que não houve progresso significativo nos padrões de vida e direitos das crianças em todo o mundo, na última década. Para o futuro, o documento aponta que as mudanças climáticas ameaçam um bilhão de crianças, quase metade da população infantil do mundo, nos próximos dez anos.

O relatório analisa dados como “vida, saúde, proteção e ambiente propício para os direitos da criança”. É no quesito meio ambiente que o Brasil ocupa a sua pior posição, estando classificado em 146-148, de um total de 185 países avaliados.

O Brasil ocupa a posição 85 em saúde e em proteção, 78 para vida, 40-41 em educação.

“O relatório deste ano é alarmante para nossas gerações atuais e futuras de crianças”, destaca Marc Dullaert, fundador e presidente da KidsRights. “Não houve progresso significativo nos padrões de vida das crianças na última década e, além disso, seus meios de subsistência foram severamente afetados pela pandemia de Covid-19”, acrescentou.

Dullaert pede aos governos de todo o mundo que concentrem investimentos nas crianças e em seu futuro para a melhoria do planeta.

Islândia, Suécia, Finlândia e Holanda ocupam os primeiros lugares no ranking deste ano, que tem a República Centro-Africana, Serra Leoa, Afeganistão e Chade nas últimas posições.

90% das crianças expostas à poluição do ar

A intensificação das mudanças climáticas representa o maior risco para as futuras gerações, em todos os continentes. Mais de um terço das crianças do mundo (820 milhões) já estão altamente expostas à ondas de calor, enquanto mais de uma em cada seis (400 milhões) crianças estão expostas a ciclones. De acordo com o relatório, quase 90% delas estão sujeitas à poluição do ar.

Cresce o trabalho infantil

Outro dado marcante dessa edição do estudo é o crescimento do número de trabalhadores infantis. Pela primeira vez em duas décadas, o número de crianças trabalhadoras subiu para 160 milhões, representando um aumento de 8,4 milhões, em 4 anos.

Um bom exemplo nesse quesito, entretanto, vem da Bolívia, país onde a incidência de trabalho infantil caiu quase pela metade, nos últimos dez anos.

Pandemia

O relatório da KidsRights também revelou que os efeitos devastadores da pandemia de Covid-19 levaram à morte de até 286.000 crianças menores de 5 anos. As mortes se devem às graves interrupções nas entregas de alimentos e medicamentos, ao fechamento de postos de saúde e a atrasos nos programas de vacinação infantil.

Ao todo, 25 milhões de crianças menores de um ano não receberam vacinas básicas – o número mais alto desde 2009 – enquanto o número de crianças completamente não vacinadas aumentou em 5 milhões, desde 2019.

Países se mantém em posições estáveis

Em dez anos de existência do Índice KidsRights, os resultados revelam poucos avanços. Muitos países tiveram um desempenho geral que permaneceu estável nos últimos dez anos. Porém, a participação no grupo de países de classificação mais baixa, como Afeganistão, República Democrática do Congo ou Papua Nova Guiné, diminuiu.

Entre os países que fizeram progressos na última década está Angola, no direito à vida das crianças. A mortalidade de menores de cinco anos caiu pela metade, juntamente com as taxas de mortalidade materna, enquanto a esperança de vida ao nascimento aumentou quase 20%, em dez anos.

Bangladesh também teve progresso no direito à saúde. Devido a esforços governamentais para fortalecer o atendimento de sua população infantil, com ênfase especial no saneamento, o país reduziu o número de crianças abaixo de cinco anos com peso reduzido em quase 50%, na última década. A porcentagem de sua população abastecida por água potável passou de 85% para 98%.

Outros países, no entanto, testemunharam um declínio de suas condições, como a Nigéria, 175º, pela taxa de mortalidade materna durante o parto, que aumentou de 550 para 920 por 100.000 nascidos vivos. E Montenegro, 49º, que apresentou baixos níveis de imunização infantil. O Chade continua a ser o país com a pontuação mais baixa no índice.

Topo da lista

Em 2022, como nos últimos 4 anos, a Islândia continua no topo do relatório da KidsRights. Em segundo lugar no ano passado, a Suíça caiu para o 31º lugar “devido à insuficiente implementação do princípio do ‘interesse da criança’ nas decisões relativas às crianças”, sublinhou a ONG que atua em cooperação com a Erasmus University de Roterdã.

Fonte: Uol

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