Girafas são animais selvagens, naturais das savanas africanas, belas, esbeltas e únicas, esses animais peculiares carregam o status de seres mais altos do planeta, podendo chegar a medir 6 metros de altura (aproximadamente o correspondente a uma casa de dois andares).
Acostumadas à liberdade e a percorrem grades extensões de terra em seus habitats naturais esses animais podem atingir a velocidade de 56 km/h ao correr de predadores.
Dada sua natureza social e suas longas pernas, esses animais sofrem terrivelmente sendo mantidos em cativeiro onde os ambientes são limitados e eles nada mais fazem que servir de atração para seres humanos omissos.
Além da perda de liberdade as girafas ficam expostas a uma série de riscos, muitas vezes inesperados e cruéis que acabam levando-as a morte como sacolas de plástico jogadas nos ambientes em que elas ficam presas ou alimentos que não combinam com sua alimentação e podem lhes fazer mal.
Há ainda casos mais grotescos e assustadores como o que ocorreu neste zoológico chinês onde um visitante do local tentou alimentar várias girafas com dinheiro jogando maços de notas em seus cativeiros.
Foram os guardas e os funcionários responsáveis pela manutenção dos animais do Yunnan Wildlife Park que notaram um grande número de cédulas no chão do cercado de girafas quando foram fazer a limpeza do local de manhã.
Ao notarem a presença do material estranho aos animais , eles rapidamente levaram as girafas para longe do local onde estavam as cédulas antes que elas pudessem pegar as numerosas notas de papel, que somadas chegaram a quase 10.000 yuanes (aproximadamente 6 mil reais), de acordo com informações do zoológico.
Nenhuma girafa ficou ferida como resultado do gesto absurdo, disse o zoológico em uma declaração publicada nas mídias sociais. O parque também divulgou imagens de trabalhadores limpando o dinheiro do chão no cativeiro dos animais.
O zoológico suspeita que as notas tenham sido jogadas por visitantes ricos que queriam oferecer comida para as girafas.
O Parque de Vida Selvagem de Yunnan, local do ocorrido, está situado em Kunming, a capital da província de Yunnan, no sul da China.
O parque importou mais de 30 girafas desde 2013 e elas são amplamente exploradas desde então, distantes de seus lares e como atrações principais do zoológico.
Depois de analisar as imagens das câmeras de vigilância, a gerência disse que o culpado havia jogado o dinheiro de um ponto cego do equipamento de filmagem, portanto, eles não tinham como rastreá-lo ou saber a aparência do criminoso.
O zoológico afirma na declaração que no momento esta procurando a pessoa para devolver o dinheiro.
O parque alertou o público contra dar “coisas estranhas” aos animais no mesmo comunicado.
Faz-se desnecessário e redundante ressaltar que esse tipo de exposição e riscos desnecessários jamais ocorreriam se os animais estivessem na natureza, de onde jamais deveriam ter sido tiradas.
Esta não é a primeira vez que animais mantidos presos no zoológico foram vítimas de abuso pelo público.
Os outros eventos nefastos consequências mais sérias. Em 2016, dois pavões morreram em decorrência de trauma e choque com apenas dias de diferença entre um e outro, depois que turistas os retiraram de seus recintos para tirar fotos com eles e arrancaram suas penas “como recordação”. A agressão ocorreu em duas ocasiões diferentes.
Em outros locais da China, girafas morreram em zoológicos em Xangai e Wuxi depois de comerem sacolas plásticas oferecidas pelos visitantes.
Três anos atrás, trabalhadores do zoológico de Wuxi fizeram uma escultura gigante usando o corpo preservado da girafa que morreu ao comer plástico para alertar o público contra a alimentação de animais.
Animais que vivem em cativeiro sofrem de distúrbios nervosos já catalogados pela medicina veterinária. Zoocoses são desequilíbrios sintomáticos que fazem com que o animal se auto mutile, adquira comportamentos repetitivos e sem finalidade, como bater a cabeça contra as paredes do cativeiro ou a famosa e triste, “dança dos elefantes”, em que os animais ficam se movendo sem para e sem sair do mesmo local, apenas trocando o peso de uma pata para outra.
Todos esses comportamentos são sintomas de sofrimento mental e cedo ou tarde resultam na morte ou na incapacidade total desses animais.
Risco de Extinção
Populações de girafas caíram até 40% nos últimos 30 anos, em consequência da caça, perda de habitat e conflitos humanos que atingiram grande parte de sua área de circulação e habitação, de acordo com o jornal The Independent.
Mas, enquanto o comércio de produtos de elefantes e rinocerontes enfrentam controles cada vez mais rígidos, a “extinção silenciosa” das girafas até agora tem sido negligenciada.
Ativistas alertam que a enxurrada de troféus de caça, ornamentos de ossos de girafas e comércio de peles tem contribuído para a sua morte.
Um grupo de 30 estados africanos preocupados com a situação está fazendo pressão para que as girafas recebam proteção especial sob o CITES, um tratado internacional que controla o comércio de espécies ameaçadas de extinção.
Os membros da Coalizão de Elefantes Africanos – incluindo estados de ocupação de girafas, como Quênia, Chade e Níger – estão pedindo à UE que apoie sua proposta.
Abba Sonko, líder das atividades da CITES na coalizão representando o Senegal, disse que um item (apêndice II) da regulamentação já estabeleceria “o tão necessário controle” sobre o comércio internacional de produtos de girafa.
“Queremos fazer tudo o que pudermos para ajudar a proteger as girafas em nossos países e impedir a extinção da espécie”, disse ele. “A extinção das girafas já se tornou uma realidade no Senegal, infelizmente.”
Do jeito que está, o grupo não deve convencer a maioria necessária de dois terços na próxima reunião da CITES em maio para apoiar o movimento, mas o apoio do bloco europeu pode fazer a campanha ganhar força.
“A EU (União Europeia) é um influenciador de peso para que qualquer proposta seja aprovada”, disse o especialista em tráfico de vida selvagem pela Humane Society Internacional, Adam Peyman, que apoia a proposta.
A classificação da CITES não significa uma proibição total do comércio de produtos de girafa, mas permitiria que as autoridades rastreassem seus movimentos e garantissem que eles não estivessem contribuindo para o declínio das populações selvagens.
Até agora, a relutância da UE em apoiar a medida baseia-se, em parte, na falta de apoio de todos os países africanos e no fato de que o comércio de partes de girafas geralmente se origina em nações onde as populações são relativamente estáveis.
No entanto, a HSI disse que há evidências de produtos de girafas sendo transferidos de países com baixa população (de girafas) para países com população elevada antes de serem enviados para mercados estrangeiros.
Durante a última década, 40 mil itens de partes de girafa foram exportadas para os EUA, as investigações também revelaram demandas no Reino Unido e em outras partes da Europa.
Ao contrário de outros produtos exóticos, como o marfim – que tem sido objeto de proibições muito rigorosas no Reino Unido e na UE – os ossos e a pele de girafa não estão sujeitos a controle.
“A demanda por partes de girafa têm aumentado exatamente porque não há regulamentações protegendo esse animal – são itens fáceis de serem obtidos, você não precisa de uma permissão ou qualquer coisa para comprá-la”, disse Peyman.