Homens e mulheres saem do avião com toda a descontração. Caminham em direção à saída do aeroporto, tendo cuidado com a carga que trazem à cintura. Os ovos de papagaio podem valer muito dinheiro para quem quer ter um exemplar em casa. É desta forma que a maioria das aves entra em Portugal.
“Os traficantes trazem os ovos à cintura, pois desta forma mantêm a temperatura de gestação das aves. Às vezes prendemos os traficantes e as aves nascem, literalmente, nas nossas mãos”, conta João Loureiro, do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB).
São muitas as técnicas usadas pelos traficantes de aves em Portugal.
No Brasil já foi identificada uma nova técnica utilizada no comércio de aves. Os traficantes compram as anilhas de identificação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) dos criadores de aves e as colocam de forma violenta nos animais adultos. Os resultados são dedos e patas partidas.
De cada dez anilhas do Ibama, pelo menos sete acabam nas mãos de traficantes de aves. “Há um circuito de importação considerado legal, que permite a importação paralela de animais oriundos do tráfico. No meio um conjunto de aves é possível esconder alguma mais exótica, que vai passar sem ser notada”, diz o técnico do ICNB.
“Entre 95% e 99% das aves morrem na viagem”, acrescenta.
O instituto também já detectou droga nos animais. Um carregamento de peixes vermelhos vindo da Ásia trazia cocaína diluída na água onde os peixes nadavam.
Fonte: Diário de Notícias