O veganismo é caracterizado pelo ativismo, ou seja, os veganos são ativistas por excelência. Pelo menos é o que deveria ser. A acomodação natural da espécie humana, ainda mais hoje, nos faz achar que já está tudo bem, que nossa atitude já é o bastante, mas o ativista não pode pensar assim.
Lendo trechos do ‘EathForce: um guia de estratégia para o guerreiro da Terra’, escrito por Paul Watson há muito tempo, e publicado há pouco por aqui, senti que devemos estar sempre alertas para mudanças em nós e no mundo. Como guerreiros vigilantes, sem acomodação. Os veganos que não se importam com traços de ovos, leite e até mesmo de outros ingredientes de origem animal devem estar cientes de que estão, com essa atitude, deixando uma margem para questionamentos e críticas por parte de quem consome carne e quer mudar, e quem não quer e nunca irá mudar (sabemos todos nós que alguns monitoram tudo o que escrevemos e fazemos, pois não viveriam sem se incomodar, e muito, com a presença vegana).
A tolerância de traços também atinge um ponto importante, o político. Pois, ao aceitar os traços, os ativistas também permitem que as empresas sigam sem se importar com veganos e intolerantes a lactose e derivados animais, o que é um desserviço para a causa animal. A rotulagem vegana é algo necessário e importante para que veganos possam saber o que estão consumindo. Na legislação brasileira não há uma definição para ‘traços’. Não se sabe a quantidade exata de traços de um determinado ingrediente e um sinal importante de que os famosos ‘traços’ estão presentes em muita quantidade é que os intolerantes a lactose e outros derivados animais logo passam mal com produtos que contêm traços. Todos devemos nos questionar se não é exagero seguir consumindo besteiras, sim, bobagens com traços, como bolachinhas recheadas, chocolates, chicletes (que podem até mesmo ser fabricados com couro animal) e outras coisas desnecessárias, deixando uma margem muito grande para um questionamento: se somos ativistas, por que paramos por aqui?
Se existem marcas de produtos que não contêm traços de origem animal ao lado do produto que se escolhe, sem se importar com este detalhe? Se alguém acha que estamos exagerando, também deveria se questionar por que então temos que seguir lendo rótulos de produtos ou usando apenas produtos não testados em animais? Os veganos fazem isso porque são ativistas, e esta é nossa diferença em relação às outras pessoas. Estamos constantemente ligados, procurando e pesquisando novas formas de viver sem ter que usar produtos de origem animal.
Ao questionarmos as empresas, fazemos um papel importante pois abrimos caminhos para substituição de produtos de origem animal por produtos alternativos. Ao não usarmos produtos que contenham traços e exigirmos que mais empresas fabriquem produtos em máquinas separadas das que produzem material com litros e litros de leite e ovos, estamos prestando um serviço à causa, às pessoas que possuem algum tipo de alergia e fazendo com que as empresas, cada vez mais, vejam os veganos como um novo mercado crescente. Consumir produtos que produzem traços, e que na sua maioria são futilidades como bolos de pacotes, chicletes, bolachinha recheada, chocolates, bolacha Maria, sendo que existem opções em todos estes produtos, não é aceitável para veganos. Se veganos mais recentes estão tendo dificuldades em sua região, devem procurar alternativas, que existem em todos os lugares. E por que não criar as alternativas? A força vegana está presente no mundo todo e é caracterizada pela criatividade e adaptação. Todos nós podemos consumir produtos que não tenham as lembranças da exploração animal e que chegam até o supermercado na forma de “pode conter traços de_____”.