A tartaruga gigante que precisou ser submetida a um procedimento cirúrgico no Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram) do Museu Oceanográfico da Furg foi reintegrada ao seu ambiente na manhã de sábado.
Perto das 10h, técnicos do Cram a retiraram do tanque em que ela estava, a colocaram em um carrinho de transporte e levaram até uma lancha da Praticagem da Barra que aguardava no trapiche do museu. Lá, ela foi transferida para a lancha que a transportou até sete milhas mar a dentro, onde foi liberada.
Conforme os veterinários Rodolfo Pinho da Silva e Pedro Luis Bruno Filho, do Cram, ela seguiria em busca de alimentação no oceano. Essa espécie, também chamada de tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), se alimenta de gelatinosas, como água-viva e medusa, as quais procura em grandes profundidades do mar.
Essa tartaruga, de 1,14 metro de comprimento de casco e peso de 125 quilos, foi encontrada na beira da praia do Cassino, próximo ao monumento à Iemanjá, na noite do último dia 27, com uma fratura no crânio. E foi levada para o Cram na manhã do dia 28 pelo 2º Pelotão Ambiental da Brigada Militar.
No Centro de Recuperação, os técnicos limparam e trataram com antibiótico tópico (pomada) o local do corte. Também aplicaram antibiótico sistêmico por via intramuscular no animal, que ainda recebeu soro e vitaminas por via subcutânea ou intracavitária.
Na última sexta-feira, ela foi submetida a um procedimento cirúrgico. O traumatologista Flávio Hanciau, do Hospital Universitário da Furg, com auxílio da equipe técnica do Cram, fechou o corte com cimento ósseo, usado para fazer artroplastia total de quadril e de joelho em pessoas. Conforme o médico, trata-se de um material biocompatível com seres humanos e animais e de rápida fixação.
O fechamento do corte impede a entrada de parasitas e organismos que possam atrapalhar o processo de cicatrização do ferimento. O traumatologista acredita que, como se trata de um animal em crescimento, com o passar dos anos se forme tecido normal do organismo embaixo do cimento ósseo e esse material seja eliminado.
A fratura deve ter sido provocada por um choque com alguma embarcação. Antes de ser reconduzida ao mar, a tartaruga juvenil, de aproximadamente 20 anos, recebeu uma anilha do Projeto Tamar, com sua identificação. Essa espécie é criticamente ameaçada de extinção.
Fonte: Jornal Agora