(da Redação)
Graças a uma denúncia anônima, um homem confesssou ter atirado no cervo Ella em Kansas City, no Cemitério de Elmwood em Missouri no mês passado. A reportagem sobre o triste destino de Ella foi publicada na ANDA há algumas semanas.
Phoenix M. Vankirk, de 19 anos de idade, foi indiciado por atirar em um cervo “fora da temporada de caça”, uma infração que acarreta em multa de 375 dólares. Vankirk declarou que atirou em Ella “…para economizar um pouco de dinheiro e alimentar sua família”. Ele tem uma noiva e um filho de oito meses de idade. As informações são da Care2.
Uma multa de 375 dólares parece muito pequena para punir alguém que colocou fim a uma vida. Conforme comenta a Care2, “Contudo, lei é lei”. “É certamente de interesse público que a pessoa seja responsabilizada”, disse John Weilert, presidente do Cemitério de Elmwood. “Nós somente podemos lidar com o que está nos autos, em termos de leis, mas penso que a comunidade expressou indignação quanto a esse tipo de comportamento, e é algo com o que o infrator terá de lidar”.
A ONG In Defense of Animals estava oferecendo uma recompensa de 1500 dólares para quem fornecesse pistas que resultassem em condenação. O PETA acrescentou 5 mil dólares à recompensa.
A denúncia anônima foi feita à delegacia do Condado de Jackson, que colocou a pessoa em contato com o Departamento de Preservação de Missouri. Pelo que se soube, o denunciante deverá receber a recompensa de 6500 dólares.
Vankirk, que mora nas adjacências do Cemitério de Elmwood, disse que estava cozinhando na varanda de sua casa na noite de 3 de Agosto quando viu Ella. Ele conta que foi para dentro de sua casa, pegou uma arma de fogo calibre 45 e pulou o muro do cemitério. Então, ele se escondeu atrás de uma árvore e atirou em Ella quando, em sua inocência, ela se aproximava dele. Vankirk disse que deixou o corpo de Ella no local pois percebeu que o cemitério estava trancado e que ele não poderia entrar com o seu veículo para retirar “a carcaça” do animal. Ele também afirmou que não tinha ideia “de que Ella era tão especial”.
O caso levanta dúvidas
Comentários em um blog local incluem:
– “Vivendo em frente ao cemitério e depois de toda a divulgação que Ella teve nas redondezas, com toda a sua fama, Vankirk afirma que ele não sabia que ela era querida?”
– “Também ele não percebeu que os portões estavam trancados até atirar no cervo?”
– “Se ele queria alimentar sua família, por que não vendeu sua arma ou cancelou o serviço de Internet?”
Segundo a reportagem, certamente há muitas contradições. Com toda a publicidade ao redor de Ella nos últimos dois anos, como poderia uma pessoa que vive literalmente na frente de sua casa não conhecer o seu status perante a comunidade? É realmente possível que um adolescente de 19 anos de idade estivesse pensando em matar um animal selvagem para alimentar sua família? Certamente o seu filho de 8 meses não comeria carne de cervo.
A página do Facebook Remmembering Ella tem um comentário interessante: “Com a multa de 375 dólares e a recompensa em dinheiro totalizando 6500 dólares, você pode imaginar que alguém teve a ideia de ter um ‘amigo’ que se declarasse culpado, fosse condenado, pagasse a pequena multa e dividisse a recompensa em dinheiro”.
Se essa hipótese for verdadeira, pode-se inferir que Vankirk não seja o real atirador e somente apareceu para admitir a culpa para alguém receber a recompensa. Isso significaria que o verdadeiro atirador ainda está impune.
Na página do Facebook também há fotos tiradas da casa de Vankirk e do alto muro de concreto com arame farpado que ele diz ter escalado para cometer o ato, e questiona-se se uma pessoa do porte dele escalaria o muro sozinho e sem ajuda.
Nota da Redação: Como a própria matéria diz e não sem razão, há contradições. Mas pode-se perceber outras contradições antes do fato em si, ou seja, na raiz dos acontecimentos.
A notícia conta que o suposto criminoso só foi indiciado por ter atirado em um cervo “fora da temporada de caça”. A humanidade estabelece leis que permitem que se atire em animais em determinadas temporadas, o que coloca, culturalmente, as vidas dos animais não-humanos em situação de pouco ou nenhum valor.
O comentário do atirador de que “não sabia que ela era tão especial” é crucial para exemplificar essa atitude, postura muito comum nos humanos que maltratam ou exploram animais. Há os animais não-humanos considerados “indigentes”, “não especiais”, “não queridos” e portanto “não importantes”, que podem ser mortos. Esse tipo de pensamento subjaz a todo comportamento humano com relação aos animais nas sociedades humanas desde sempre, e o mesmo renderia teses e teses explicando tudo o que os animais vêm sofrendo nas mãos humanas.
E, por último, o fato dos humanos ingerirem carne, mais uma vez, vem como desculpa ou justificativa para um ato vil, e é mais um fator que está no cerne de todos os tipos de maldade aos animais que são praticados hoje. Se humanos comem carne, por que se indignam quando vêem um animal sendo morto ao vivo em um palco de evento gastronômico para alimentação humana? Se comem carne, por que têm direito de protestar contra a morte de um cervo? E os exemplos de perguntas argumentativas desse tipo são infinitos.
Enquanto os humanos continuarem comendo carne e consumindo produtos que decorrem da exploração dos animais, crimes continuarão sendo cometidos e serão justificáveis, terão penas brandas e ficarão “por isso mesmo”.