Fátima ChuEcco/Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Emocione-se e inspire-se com essas histórias de surpreendentes resgates. Conheça a história de cães e gatos sobreviventes de situações extremas de maus-tratos em quatro diferentes Estados brasileiros. No caminho de cada um deles havia uma ou mais pessoas empenhadas em estender a mão ao próximo, mesmo se tratando de um próximo não humano porque a verdadeira solidariedade atravessa a barreira das espécies.
Não havia mais esperança para eles. Gravemente feridos, lançados de dentro de um carro ou mantidos em dolorosas experiências, cada um desses animais estava prestes a morrer, mas alguém de bom coração cruzou o caminho deles e acabou com o martírio. Coisas difíceis de explicar. “Encontrei o Júlio por acaso em dezembro, em um daqueles dias que Deus desvia nosso caminho e só depois conseguimos entender a razão. Não era para eu passar por aquela rua, mas passei e me deparei com um gato muito ferido tentando atravessar uma avenida”, conta Raquel Viana, do Abrigo Au Family de Belém do Pará.
A comerciante Irene Machado, de São Paulo, teve uma experiência semelhante, só que quatro anos atrás: “Estava dentro da minha loja quando me chamou a atenção um carro de cor prata andando devagar na avenida. Achei que iam pedir alguma informação, mas de repente abriram a janela e atiraram um filhote de gato. Depois saíram correndo e nem deu tempo de anotar a chapa. Se eu não tivesse visto a crueldade que fizeram com o gatinho ele teria sido atropelado porque era uma avenida movimentada”.
Ton é o xodó de Irene. Ela já tinha outros gatos, mas acredita que a cena aconteceu na sua frente como uma missão para ela: “Ele estava paralisado no meio da avenida, creio que em choque, mas desde que o peguei nos braços só recebeu amor. Em nenhum momento passou pela minha cabeça colocá-lo para adoção, pois, ele veio as minhas mãos e é meu dever amá-lo e protege-lo até o fim”.
Em Belo Horizonte (MG), a ativista Gabriela Vasconcelos de Paula soube dos cães de rua que estavam servindo de cobaias na UFV – Universidade Federal de Viçosa. Embora já tivesse outros cães resgatados, ela fez questão de ir buscar mais dois: Leônidas e Alôncio no dia em que a universidade foi obrigada, por decisão judicial, a entregar os cães para quem quisesse adotá-los. Leônidas ficou com uma protetora de BH e Alôncio continua com Gabriela de quem já conquistou o coração por completo.
O resgate do cão Lázaro, da Paraíba, foi também outro caso chocante em dezembro. Ele foi abandonado duas vezes sendo levado para longe do município de Sousa (PB), mas retornou para casa. Da última vez, no entanto, seu tutor, conhecido como Mazinho do Bar, pagou um bêbado para matá-lo a pauladas e Lázaro só não morreu por milagre, pois, o pau tinha pregos e abriu sua cabeça. Além disso, um olho foi estourado. Lázaro só foi salvo porque uma testemunha conseguiu acionar protetores de animais locais.
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Incrivelmente vivos
Difícil acreditar que o gatinho Júlio tenha sobrevivido, mas ele segue em tratamento. Júlio foi achado por Raquel Viana com uma perfuração na cabeça que atravessava o pescoço. Há suspeita de que tenha levado um tiro e que a bala tenha atravessado e saído de seu corpo. Além disso, ele já estava com um olho perdido e toda a boca comida por bichos – por conta disso perdeu também metade da mandíbula. Muita gente, inclusive veterinários, teriam sugerido induzí-lo à morte, mas Raquel resolveu não desistir dele.
A protetora levou o gato para a Dra Mara Carrera. No início foi difícil, pois, ele sequer podia se alimentar sozinho e devia ter muita dor. Também ficou com sequelas do provável tiro e se locomove com muita dificuldade. Mas há cinco dias, com apenas meia mandíbula, passou a comer papinha: “E ele come bem, como um dragão. Isso mostra sua vontade de viver. Ainda é cedo para fechar um diagnóstico e ele continua na clínica, mas não o levarei para o abrigo. Vou conseguir um lar onde ele possa viver bem tranquilo”, conta Raquel que está precisando de ajuda financeira para o complexo tratamento de Júlio. Quem puder ajudá-la deve acessar seu Facebook.
Na mesma época do resgate de Júlio, outra história extraordinária foi parar na clínica da Dra Mara. Trip é um gato que entrou no motor de carro e teve uma de suas patas decepada. Ficou largado na calçada para morrer e isso teria acontecido em pouco tempo com a perda de sangue se não fosse salvo pela veterinária. Trip passou por duas cirurgias, mas reagiu bem e está em observação. Ele conseguiu uma madrinha que tem custeado seu tratamento e ainda não se sabe se será adotado por ela.
Do Inferno ao Paraíso
Alôncio foi um dos 14 cães que passaram quase dois meses na Universidade Federal de Viçosa, entre outubro, novembro e início de dezembro, submetidos a cirurgias e tratamentos para doenças que eles não tinham. Eram cães de rua saudáveis e estavam aguardando adoção no CCZ da cidade que, coincidentemente, fica dentro da faculdade. Entraram como cobaias para as pesquisas em perfeito estado de saúde e saíram totalmente lesados, com problemas nas articulações das pernas que precisarão de tratamento contínuo por toda a vida deles.
Alôncio foi adotado por Gabriela Vasconcelos e apresentava também forte irritação nos olhos, além das marcas de corte em uma das pernas: “Minha motivação não foi simplesmente adotar, mas tirá-los daquele inferno e dar amor. Alôncio no começo estava muito prostrado, mas agora está bem, comendo e agindo normalmente. Não possui nenhum impulso de agressividade apesar de todo horror que vivenciou e é muito dócil, mas ainda se assusta ao menor ruído ou movimento”.
Ela contou como foi o primeiro encontro dela com os cães de Viçosa em matéria exclusiva da ANDA: “Deu para perceber que ficaram muito felizes quando os resgatamos e essa felicidade deles foi uma coisa muito forte e emocionante. No entanto, Alôncio e os demais cães passaram por um trauma muito grande e precisarão de muito carinho e tratamentos veterinários”.
Salvo pelo gongo
O caso de Lázaro foi um dos que mais comoveram os internautas do Brasil todo nesse final de ano. Depois de três dias internado no Centro Veterinário Dr. Leonardo Torres, em Patos, na Paraíba, Lázaro foi para a casa de uma voluntária da Apas – Associação de Proteção aos Animais de Sousa onde continua mantido em intenso cuidado e observação, pois, ele teve traumatismo craniano. “O raio X constatou afundamento do crânio e havia uma pedra alojada na cabeça dele. Todo o tecido ao redor das pancadas estava apodrecido. Foi retirado um volume enorme de secreção e a cabeça está bastante infeccionada. Uma das patas dianteiras não responde a estímulos e o outro olho também pode perder a visão”, disse voluntária na matéria exclusiva da ANDA.
Lázaro foi salvo pelo gongo porque estava gravemente ferido e amarrado embaixo de uma carroça em estado de choque. Ia morrer com muita dor e sozinho. Mas o sofrimento foi interrompido por um grupo de protetores que conseguiu ajuda policial e foi até o local. O tutor foi até a delegacia e alegou que quis matar o cão porque ele estava doente em estado terminal, mas os exames mostraram que Lázaro não portava nenhuma doença. Ele se recupera lentamente. Come sozinho e ainda tem dificuldade de locomoção, mas recebe muito carinho. A Apas precisa muito de ajuda financeira para pagar as despesas com os exames e tratamento. Aliás, Lázaro é o nome que foi dado pelos protetores por ser, segundo a Bíblia, aquele que renasceu dos mortos. Para ajudar acesse o Facebook da ONG.
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