Um sistema imunológico fraco deixa o animal vulnerável a doenças e parasitas. Mas estranhamente, segundo um novo estudo, a seleção natural nem sempre elimina criaturas que teoricamente possuem sérias desvantagens.
Isso pode ocorrer quando a fraqueza gera algumas vantagens. O estudo na revista “Science” relata que, embora um sistema imunológico forte ajude as fêmeas de carneiro a viver por mais tempo, ele é também associado a uma redução no sucesso reprodutivo.
Andrea Graham, ecóloga da Universidade de Princeton, e colegas estudaram o carneiro-de-soay, uma raça antiga encontrada no arquipélago escocês de St. Kilda.
Os últimos habitantes de St. Kilda deixaram o local há aproximadamente 80 anos, devido ao duro inverno e às difíceis condições de vida. Mas deixaram para trás seus carneiros, sem supervisão e perambulando livremente. Sem a seleção dos criadores, os carneiros ficaram sujeitos à seleção natural, formando uma população de estudo contida e relativamente acessível.
Todos os meses de agosto, durante 11 anos, Graham e colegas coletaram amostras de fezes para contagem de parasitas, e retiraram sangue para medir a produtividade de anticorpos.
Eles descobriram que a expectativa de vida média para os 410 espécimes estudados era de seis anos. Mas havia uma ampla variação, com alguns vivendo 15 anos e muitos outros morrendo aos 3 ou 4. Os carneiros de vida curta possuíam concentrações menores de anticorpos do que aqueles de vida longa, o que sugeria por que suas vidas eram tão curtas. Porém, por que a seleção natural não os estava eliminando?
Graham contou que os pesquisadores viram isso como uma charada: “O que todas essas ovelhas estão fazendo com baixa concentração de anticorpos?”
A resposta, segundo ela, era que os animais de vida curta tinham maior probabilidade de gerar filhotes. Os que morriam cedo reproduziam quase todos os anos, muitas vezes tendo gêmeos. Os carneiros que viviam por mais tempo não se reproduziam todo ano.
No fim, os dois grupos produziam aproximadamente o mesmo número de filhotes, disse Graham.Os pesquisadores não sabem ao certo por que ocorreu esse fenômeno.
“Pode ser simplesmente uma questão de orçamento de energia”, afirmou Graham. “A energia aplicada na produção de anticorpos pode estar reduzindo a energia gasta para produzir um feto”.
Fonte: Último Segundo