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IMPACTO

Sequestro de carbono: entenda como o desmatamento prejudica esse processo

Tais mudanças afetam a composição das espécies de árvores, ou seja, a degradação também provoca alterações nas características da flor

24 de julho de 2022
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Pesquisadores levantaram dados sobre o desmatamento da Mata Atlântica e os impactos para a natureza. Foto: Luiz Magnano

Um estudo publicado pela revista Science Advances mostrou que os impactos humanos na Mata Atlântica superam a importância dos fatores naturais na capacidade de estocar carbono na biomassa da floresta.

De acordo com Marcela Pyles, pesquisadora de doutorado na Universidade Federal de Lavras, a Mata Atlântica vem sendo explorada há pelo menos 500 anos. Inicialmente, a exploração era guiada por ciclos econômicos, como a do pau-brasil (Paubrasilia echinata) e do ouro, o cultivo de cana-de-açúcar e de café. Recentemente, porém, a exploração ganhou força com a expansão demográfica de centros urbanos.

“Atualmente, cerca de 50% da população brasileira reside em áreas originalmente ocupadas pela Mata Atlântica. Depois de tantos anos sob exploração intensa, as florestas que ainda restam no bioma diminuíram o potencial de estoque de carbono por perder espécies de árvores grandes e pesadas e por estar constantemente sujeitas aos efeitos da redução do tamanho das florestas, o conhecido efeito de borda”, explica.

O aumento da degradação florestal pode causar emissões maiores de gases de efeito estufa do que as mudanças de temperatura previstas para as próximas décadas.

Ações humans colocam em risco futuro das espécies. Foto: Luiz Magnano

Conservação urgente

De acordo com o professor Luiz Magnago, da Universidade Federal do Sul da Bahia, os resultados reforçam a tese de que o restante do domínio natural precisa ser bem manejado para a conservação do potencial de estocar carbono e biodiversidade.

“As florestas são uma fonte potencial para sequestrar carbono da atmosfera, porém, se o nível de degradação for muito alto, esse potencial pode estar perdido. Técnicas conhecidas como enriquecimento da floresta podem oferecer maior resiliência para as áreas degradadas”, completa.

Como funciona o sequestro de carbono?

‘Sequestrar’ carbono nada mais é do que o trabalho realizado pelas espécies de plantas, algas e cianobactérias de retirar CO2 da atmosfera e transformá-lo em oxigênio.

Nas florestas, as quantidades de carbono são armazenadas por árvores e por outras plantas. Como parte da fotossíntese, o carbono retirado da atmosfera é armazenado como açúcar, amido (carboidrato) e celulose, utilizados como fonte de desenvolvimento para a espécie.

Encontrado na atmosfera como dióxido de carbono, esse gás é essencial para a vida no planeta, no entanto, altas concentrações atuam negativamente na natureza, contribuindo para o aquecimento global.

O aumento da degradação florestal pode causar emissões maiores de gases de efeito estufa do que as mudanças de temperatura. Foto: Luiz Magnano

Ação humana

O estudo ainda trouxe pela primeira vez a quantificação de efeitos diretos e indiretos da ação do humana sobre a capacidade que os fragmentos florestais da Mata Atlântica, o que permite compreender de maneira mais completa os fatores que afetam os estoques de carbono da floresta.

Por exemplo, a degradação florestal pode não só afetar diretamente o estoque de carbono de uma floresta em função da retirada de árvores para exploração madeireira, como também pode agir de maneira indireta, modificando estrutura e microclima das florestas. Tais mudanças afetam a composição das espécies de árvores, ou seja, a degradação também provoca alterações nas características da flor, o que posteriormente levam à perda no estoque de carbono florestal.

Impactos

Renato Lima, coautor do trabalho, afirma que o aumento da degradação florestal pode causar emissões maiores de gases de efeito estufa do que as mudanças de temperatura previstas para as próximas décadas.

“Isso também quer dizer que medidas para combater ou reverter a degradação florestal podem ser uma estratégia eficaz para sequestrar carbono da atmosfera a médio e longo prazo”. Portanto, os remanescente florestais da Mata Atlântica, degradados ou não, têm um papel importante sobre os estoque e sobre o potencial futuro de sequestro de carbono da atmosfera.

Fonte: G1

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