O secretário-geral da ONU alertou que o planeta está próximo de um “ponto sem volta” e classificou os esforços globais para combater as mudanças climáticas de “totalmente inadequados”, enquanto os líderes mundiais se reúnem para uma conferência vital sobre o Acordo de Paris.
Antonio Guterres deu o aviso contundente antes da conferência da ONU sobre mudança climática (COP25), que se iniciou segunda-feira (02) e vai durar duas semanas, em Madri, na Espanha.
Governantes e delegados de quase 200 países tentarão firmar os compromissos assumidos em 2015, estabelecer novas regras internacionais para o comércio de emissões de gases e intermediar sistemas de compensação para os países mais pobres já afetados pelo aquecimento global.
A Aliança dos Pequenos Estados Insulares, representando as nações em maior risco com a subida do mar, vê as negociações como a última chance de evitar uma potencial catástrofe, enquanto a organização Save the Children (Salve as Crianças) adverte que 33 milhões de crianças africanas estão enfrentando a fome como resultado de ciclones e secas mais provável pelas mudanças climáticas.
“O ponto sem retorno das mudanças climáticas não está mais no horizonte”, disse Guterres a repórteres em Madri. “Ele já está à vista e avançando em nossa direção”.
“Observando que o mundo tem conhecimento científico e os meios técnicos para limitar o aquecimento global, o secretário da ONU denunciou a falta de ação dos formuladores de políticas diante de uma “emergência climática global”.
Guterres disse: “Os sinais de esperança estão se multiplicando. A opinião pública está despertando em todos os lugares, os jovens estão mostrando liderança e mobilização notáveis”.
“Mais e mais cidades, instituições financeiras e empresas estão se comprometendo com um caminho de 1,5°C (nível de aumento temperatura que não deve ser ultrapassado), o que ainda falta é vontade política”.
“Vontade política de colocar um preço no carbono. Vontade política de interromper os subsídios aos combustíveis fósseis. Vontade política de parar de construir usinas a carvão a partir de 2020. Vontade política de mudar a tributação da renda para o carbono. Tributando a poluição em vez das pessoas”.
Ele disse que, o fato dos líderes de todos os países, mostrarem “algo menos” que prestação de contas e responsabilidade, além de disposição para se comprometer com metas ambiciosas, “seria uma traição a toda a nossa família humana e a todas as gerações vindouras”.
Mas ele insistiu que sua mensagem era “uma fala de esperança, não de desespero. Nossa guerra contra a natureza deve parar e sabemos que isso é possível”.
Cerca de 70 países – muitos deles entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas – se comprometeram a parar de emitir mais gases de efeito estufa até 2050. Mas alguns dos maiores emissores do mundo ainda o fazem.
O chefe da ONU disse esperar que a reunião de Madri leve os governos a almejarem emissões líquidas zero até 2050, antes do prazo para fazê-lo na COP26 em Glasgow no próximo ano.
Na semana passada, a Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas alertou que o nível de gases de efeito estufa havia atingido outra máxima histórica, “sem sinais de desaceleração e muito menos de declínio”.
Quatro anos após o Acordo de Paris, os negociadores ainda devem abordar a questão controversa da criação de um mercado mundial de emissões – um elemento-chave do sexto artigo do acordo de 2015.
“Estamos aqui para encontrar respostas para o artigo seis, não para encontrar desculpas”, disse Guterres.
Embora essas conversas representem a última chance dos países manterem o Acordo de Paris vivo, firmando suas metas para 2050 após um período de carência de cinco anos, a conferência também marca a primeira desde o anúncio de Mike Pompeo de que os EUA recusariam o acordo, como Donald Trump havia ameaçado há muito tempo.
Os EUA serão representados por Marcia Bernicat, a secretária de Estado assistente para assuntos ambientais internacionais, enquanto a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, também liderará uma delegação de legisladores democratas.
Os organizadores esperam cerca de 29 mil visitantes no total, incluindo 50 chefes de estado e de governo para a abertura na segunda-feira (02), além de cientistas, negociadores experientes e ativistas durante a reunião de duas semanas.
As conversações seriam inicialmente organizadas no Chile, mas protestos violentos contra o governo em Santiago fizeram a conferência ser transferida para a Espanha.
Greta Thunberg está atravessando o Atlântico em um catamarã (barco) para participar das negociações e deve chegar em Lisboa na terça-feira (03) de manhã. As informações são do Indepedent.
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