O último domingo (20) foi o Dia Mundial da Renaturalização, que promove a reintegração de espécies selvagens de volta à natureza. Em frente a data, a organização Global Rewilding Alliance afirmou que essa ação pode ter um impacto positivo na desaceleração das mudanças climáticas.
Acredita-se que a reintrodução de espécies como lobos e gnus em seus respectivos ecossistemas tem a capacidade de auxiliar o meio ambiente mais do que a plantação de árvores. Contudo, assim como a plantação de árvores, essa reintrodução deve ser feita corretamente — as espécies devem ser introduzidas em seus habitats específicos para que os seus efeitos sejam positivos.
Um dos efeitos positivos dessa reintrodução seria o equilíbrio dos ecossistemas e o armazenamento de carbono. Alguns herbívoros, por exemplo, ajudariam na redistribuição de sementes e nutrientes para o plantio de plantas que poderiam auxiliar contra os efeitos das mudanças climáticas.
Atualmente, a grande presença de animais de pasto é a grande responsável por parte das emissões dos gases de efeito estufa. Isso se dá tanto pelo desmatamento quanto pela constante degradação da flora derivada do pasto. A pecuária é responsável por cerca de 71% das emissões derivadas da agropecuária — sendo 47% pela carne e 24% pelo leite. Evitar o consumo de produtos derivados de ruminantes poderia reduzir as emissões em até 90%, mesmo que toda a indústria seja responsável pelos impactos negativos no meio ambiente.
A reintrodução de animais carnívoros, como os próprios lobos, também é essencial para o reequilíbrio ambiental, uma vez que esses animais diminuem o número de herbívoros naturalmente — algo benéfico para outros animais e espécies de plantas.
É estimado que a reintrodução de lobos, alces e algumas árvores nos Estados Unidos poderia diminuir as emissões de carbono do país em até 10%.
Assim como animais marinhos. As baleias, por exemplo, soltam nutrientes que promovem o crescimento de seres fotossintetizantes — o que também ajuda na diminuição de CO2 da atmosfera.
Embora benéfica, a reintrodução de predadores terrestres pode ser um tema controverso. Uma grande parte da população é contra a ação, afirmando que esses animais são ameaças à algumas espécies de herbívoros que garantem sua sustentação, como as ovelhas.
Contudo, nos ambientes apropriados, esses animais podem voltar sem a ajuda de programas de reintrodução. Na França, por exemplo, a população de lobos vêm crescendo rapidamente desde sua reintegração no começo dos anos 90. O que, embora controverso, continua sendo essencial para o reequilíbrio ambiental da área.
Fonte: Júlia Assef | eCycle