Pela primeira vez, um grupo de pesquisadores faz uma expedição em comunidades quilombolas da Amazônia para estudar o menor tamanduá do mundo, o Tamanduaí (Cyclopes didactylus), que mede aproximadamente 20 cm e pesa apenas 300g.
A expedição se inicia no dia 17 de março e vai percorrer dez comunidades quilombolas da Amazônia paraense, começando pela Reserva Biológica Rio Trombetas Porto (no município de Oriximiná no Pará ).
A pesquisa, realiazada pelo Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil (Projeto Tamanduá), é inédita no mundo e conta com o apoio da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. O objetivo é coletar informações sobre o animal. Os resultados da pesquisa contribuirão para que os cientistas conheçam os hábitos do animal e cataloguem dados sobre sua ecologia, saúde e genética. As informações também servirão de base para elaborar estratégias para a conservação do tamanduaí no Brasil, como parte da defesa da biodiversidade brasileira.
Sabe-se que o tamanduaí tem hábitos noturnos, vive no topo das árvores e se alimenta de cupins e formigas. A distribuição original da espécie abrange as florestas tropicais localizadas na América Central e América do Sul, em regiões abaixo de 1.500 metros de altitude. No Brasil, há registros da espécie nos estados do Norte (Amazônia) e também alguns esporádicos na Mata Atlântica nordestina.
“O trabalho junto às comunidades quilombolas vai nos ajudar a responder perguntas básicas sobre os hábitos do tamanduaí , e sua relação com a comunidade (sobre as suspeitas deles serem capturados para servirem de alimento ou serem vendidos como mascote), com este entendimento buscamos analisar as principais ameaças desse animais na Amazônia”, diz a coordenadora do projeto, Flavia Miranda.
Apesar da quase inexistência de dados oficiais sobre o animal, os pesquisadores têm indícios de que o tamanduaí possa estar em declínio populacional . “A principal ameaça é a destruição de habitat. A população nordestina está criticamente ameaçada”
A partir dos resultados já alcançados a União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) organização que reúne especialistas de todo o mundo e que avalia a categoria de ameaça das espécies, já se prontificou a classificar a população de tamanduá do Nordeste brasileiro como criticamente ameaçada. A mesma classificação deve acontecer no Brasil, com o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
*Com informações do Projeto Tamanduá