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PEDALANDO

Professor pede demissão e vai dar a volta ao mundo de bicicleta acompanhado de seu cachorro

12 de março de 2022
Thayanne Magalhães l Redação ANDA
6 min. de leitura
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Éleéfe, como o professor é conhecido no litoral de SP, e Belmiro se despedem do Brasil e embarcam em direção ao primeiro destino (Foto: Vida de Bicho/ Izabel Gimenez)

O professor de História Luís Fernando Prestes, ou Éleéfe, como é conhecido em Santos (SP), decidiu jogar tudo para o alto e viajar ao redor do mundo junto com seu cachorro border collie chamado Belmiro de 2 anos.

Ele decidiu tornar realidade um sonho que já guardava há um tempo e uniu suas grandes paixões: história, viagens e bicicleta, em um passeio com duração prevista de três anos.

O cachorro é uma paixão recente, mas o nome entrega o fanatismo do historiador pelo time da sua cidade. Belmiro, em homenagem ao estádio do Santos Futebol Clube, entrou na vida de Éleéfe já na pandemia da Covid-19, quando as aulas passaram para o formato online e o contato com o mundo exterior se tornava cada mais escasso.

“Já tinha ido para Uruguai, Itália, Espanha, Inglaterra e França sozinho de bicicleta, agora, queria uma companhia. Estava buscando um animal manso, parceiro, confiável, amigo e que aguentasse um pouco de frio, depois percebi que eles são muito inteligentes também”, conta Luís em entrevista ao Vida de Bicho.

No final de 2021, pediu demissão nos colégios onde lecionava História para colocar o planejamento em prática, que começou no ano anterior. A pandemia e o medo de uma possível morte repentina fizeram com que o tutor de Belmiro quisesse tirar da gaveta o plano de viajar ao redor do mundo em cima de uma bicicleta. Acontece que, se uma visita de poucos dias em outro país já exige um grau elevado de organização, é até difícil imaginar por onde começa a programação para conseguir pedalar por três continentes com um cãozinho.

Na visão do professor, a presença de Belmiro é o que muda tudo. Afinal, até os menores detalhes tiveram de ser pensados em função do cachorro.

“Minha ideia inicial é passar por 60 países e tudo foi pensado para acomodá-lo. O planejamento também foi climático. Eu vou passar pela Argélia, por exemplo, no Deserto do Saara, e o horário que vou pedalar será no período em que estiver menos calor para não afetá-lo. Vamos dormir em hoteis com ar condicionado. Em dezembro do próximo ano, enfrentaremos o inverno europeu, mas os países escolhidos serão os que não fazem tanto frio por causa dele. Eu aguento -10°C de bicicleta, ele não. Então pretendo não pedalar em temperaturas abaixo de -5°C”, explica.

Essa não será a primeira viagem da dupla. Éleéfe e Belmiro já percorreram os 600 quilômetros que separam a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, de Paraty, no Rio de Janeiro. Puxando 70 quilos, entre bagagem e casinha do cão, o trajeto foi um sucesso.

“Tive um pequeno perrengue. Ele se apaixonou por uma cachorra, entrou na fazenda e não queria voltar de jeito nenhum. Desapareceu. Acredito que a cadela estava no cio. Fiquei uma hora no sol chamando e nada. Foi o único trabalho que o Belmiro deu”.

A viagem experimental também serviu para prever as necessidades que teria em caminhos mais longos ou difíceis de serem percorridos e evitar possíveis perrengues, principalmente porque a soma de toda bagagem na nova aventura totalizará 100 quilos.

Para garantir bem-estar e segurança para os dois, o professor investiu em uma bicicleta com assistência elétrica capaz de aliviar o peso nos trajetos e em uma casinha de última geração apropriada para o transporte de animais para Belmiro – ambas as compras importadas da Alemanha.

O cão também ganhou roupas para os mais diversos níveis de frio, cama para o inverno e verão, capa de chuva e outros acessórios pensados para garantir conforto em qualquer tipo de clima durante o percurso.

“No próximo ano estaremos na Europa. Decidi fazer um seguro saúde que cubra todos os países da região. Veterinário é muito caro lá. Confesso que ainda estou pensando em alternativas para quando estiver fora da União Europeia. Em 2023, quando for para o Marrocos, talvez tenha que contar com a sorte e ir sem. Daí, se acontecer algum problema, pago o médico. Mas tenho o contato direto com a veterinária dele aqui e estou levando uma ‘farmácia de cachorro’, se necessário.”

O professor e Belmiro embarcaram em direção a Lisboa na noite de quinta-feira (10/03). Por lá, o animal ficará por três dias em um hotel para animais domésticos, propriedade de um colega viajante, enquanto o historiador busca as encomendas em Hamburgo, na Alemanha. De volta à capital portuguesa e já com a bicicleta em mãos, a aventura começa oficialmente. “Dá muito medo. Eu estou em pânico e muito ansioso. É uma mudança drástica, mas ele me passa confiança”.

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