DJ Beto
Esta preguiça (foto) apareceu próximo da via perimetral no bairro da Vila Industrial de Mogi das Cruzes no dia 13 de janeiro deste ano. Por sorte – e por ajuda de dois guardas municipais – não foi atropelada. Ela foi contida pelos dois homens que passavam por ali e, em seguida, acionaram o Setor de Zoonoses.
Com cuidado, ela foi retirada da parte traseira do veículo da guarda municipal quando se pode notar sua principal característica: a docilidade. Juntando isso aos movimentos lentos, o animal vira presa fácil para caçadores e comerciantes.
O primeiro passo quando uma preguiça é recolhida pelo setor é livrar o animal do stress (mantendo-o pendurado, postura ideal para a espécie) e verificar lesões (se o animal chegar ferido é encaminhado imediatamente ao médico veterinário para avaliação e cuidados).
Para evitar a translocação de animais, esta preguiça foi imediatamente solta no parque Municipal da serra do Itapety, em Mogi das Cruzes, onde outras 16 já foram devolvidas ao habitat pelo setor de Zoonoses.
Curiosidades
A preguiça, ou bicho-preguiça, é um mamífero brasileiro da ordem Xenarthra (anteriormente chamada de Edentata ou Desdentada, a mesma dos tatus e tamanduás). Passando a maior parte do tempo dormindo e de hábitos inusitados: não bebe água e tanto urina quanto defeca apenas a cada 7 ou 8 dias, sempre no chão, próximo à base da árvore em que costuma se alimentar. Com isso, há uma reciclagem dos nutrientes contidos nas folhas ingeridas pelo animal, parcialmente devolvidos á árvore através dos seus dejetos.
Tem grandes garras, responsáveis pela sustentação do animal nos galhos, sua postura normal – não fica em pé e só se sente confortável dependurada. O pelo cresce em sentido diferente dos demais mamíferos,na direção do ventre ao dorso. Esta adaptação se dá ao fato de a preguiça passar quase o tempo todo de cabeça para baixo. O sentido dos pelos ajuda a água da chuva a correr sobre o corpo do animal.
Na hora de comer, a preguiça é muito seletiva: se alimenta apenas de folhas e frutos de poucas árvores da mata Atlântica (preferem a gameleira, a ibiruçu, a tararanga e a embaúba, conhecida como a árvore da preguiça e muito comum na serra do Itapety.
O bicho-preguiça tem, em média, de 60 a 65 centímetros de altura e costuma pesar de 3,5 a 6 quilos. Possue de 8 a 9 vértebras cervicais, o que lhe possibilita girar a cabeça até 270° sem mover o corpo. Ganhou este nome por apresentar movimentos sempre muito lentos e por dormir cerca de 14 horas por dia. Sua temperatura corporal é sempre muito próxima da do ambiente, por isso sendo considerado um animal homeotérmico imperfeito.
Distinguir machos e fêmeas não é difícil – o macho tem, nas costas, um desenho marrom e amarelo que lembra uma flecha. A gestação dura 11 meses e a mãe ainda carrega o filhote pendurado ao pescoço por mais seis ou sete meses.
Apesar de lentas em terra, as preguiças são excelentes nadadoras. Vale lembrar: além de captura e manutenção proibidas, a preguiça jamais viverá como animal doméstico, tendo a morte como fim na maioria dos casos.
Pesquisa: Animais da Mata Atlântica, HELOISA F. WHATELY, 2004 e Sites diversos Texto: Enio R. Carreiro (Beto) – Funcionário da PMMC e Oficial de Controle Animal reconhecido pelo ITEC e WSPA.